O aquecimento global é um
problema que tira o sono de muitos produtores de vinho. Muitos pesquisadores
dizem que nos próximos 100 anos o mapa vinícola mundial pode estar totalmente
diferente do que vemos hoje, que regiões tradicionais, como a França ou a
Itália, podem deixar de produzir bons vinhos. Porém, de acordo com alguns novos
estudos, o aumento da temperatura média pode, na realidade, trazer alguns
benefícios, uma vez que regiões antes consideradas muito frias poderão estar
aptas ao plantio de uvas viníferas.
Fernando
Zamora, enólogo, pesquisador e professor da Universidade Rovira i Virgili, na
Espanha, diz que prefere ser otimista quando trata do assunto. "Eu não tenho
dúvidas de que nós ainda teremos vinhedos em regiões tradicionais. E tenho
certeza de que novas regiões irão emergir", comenta, adicionando que, na
Alemanha já estão sendo produzidos vinhos tintos muito bons em lugares onde o
plantio era bem difícil. "Agora a Dinamarca também está começando a produzir
vinhos".
Climatologistas
que trabalham para a indústria do vinho calculam que até 2050 as temperaturas
deverão subir de um a dois graus e que serão acompanhados de eventos climáticos
extremos, seja para o frio ou para o calor.
"É
bem improvável que as regiões continuem plantando as mesmas variedades e
produzindo exatamente o mesmo estilo de vinho, porém, a mudança maior acontecerá
nas regiões que têm problemas com a maturação das frutas, pois deixarão de
tê-los", opina Gregory Jones, enólogo da Universidade Southern Oregon. "Se as
pessoas aceitarem as mudanças de aroma, açúcar e acidez que vão acontecer nas
regiões mais tradicionais, elas não terão problema algum", atesta Jean-Marc
Touzard, coordenador da ACCAF, comitê internacional que trata de assuntos
ligados ao aquecimento global.
De
acordo com Jones, Tasmânia, partes da Nova Zelândia e do Canadá, o sul do Chile,
Ontário e Inglaterra serão as maiores beneficiadas pelo aumento das
temperaturas. "Qualquer lugar do mundo que já foi muito frio há 50 anos, hoje
tem temperaturas mais amenas, que propiciam o cultivo da fruta, coisa que não
acontecia antes, pois a uva não conseguia amadurecer", completa Jones.
Na
contramão do temor, produtores de Beaujolais estão tirando proveito das
temperaturas mais altas, que melhoraram a qualidade das uvas, que algumas vezes
precisavam passar por processos de adição de açúcar para terem níveis de álcool
aceitáveis. "A tendência é que, nos próximos dez anos, as uvas fiquem melhores.
Depois disso os produtores podem ter problemas".
Fonte: Revista Adega
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