sábado, 18 de maio de 2013

Olha o que Parker disse!

O conceituado/odiado crítico de vinhos Robert Parker, via Twitter, fez uma série de considerações sobre o mercado de vinhos. Algumas são interessantes, outras polêmicas. Veja o que "oráculo" de Bob falou, com alguns comentários de Artwine.
 
Usando o microblog Twitter, o queridinho Robert Parker, o crítico norte-americano fez algumas considerações sobre a atual situação do mundo do vinho. Ao mesmo tempo, fez uma pergunta, em forma de enquete via Twitter. E você o que pensa a respeito?

O que todos pensam hoje do mercado de vinhos?

Seguem alguns de meus (dele, Parker) pensamentos:

1. O mercado de vinhos acima de USD 25 (25 dólares, 50 reais), continua lento.
 
2. A proliferação de vinhos excelentes, oriundos de muitas regiões, mas em especial, da América do Sul, Espanha, Sul da França, Sul da Itália, Leste Europeu (fique atento à Bulgária), Sul da Austrália e África do Sul, tem sido cada vez mais acelerada.
 
3. O controle sobre a venda e distribuição de vinhos continua na mão dos operadores do mercado, em especial os atacadistas, que continuam a ter controle excessivo sobre os legisladores (nota do editor de Artwine - isso não se aplica ao Brasil, onde o controle da distribuição e venda dos vinhos está nas mãos dos importadores, o que é proibido nos EUA).
 
4. As notas atribuídas a vinhos ainda são tão importantes quanto sempre foram, mas apenas de algumas fontes selecionadas, porque o oceano de números causou uma espécie de surdez seletiva nos consumidores, assim como um cansaço com o sistema de notas.
 
(Comentário do editor - aqui Parker foi um pouco corporativista, defendendo seu quintal, uma vez que todos os dados disponíveis atualmente, nos EUA, Reino Unido e França, e até no Brasil, mostram que as notas dadas a determinado vinho por críticos, incluindo os famosos, possuem cada vez menos importância para os consumidores na hora de comprar o vinho. Só para completar a informação, hoje, cada vez é maior a influência da indicação dos amigos e conhecidos, ou seja, cada vez é maior a influência das redes sociais).
 
5. Os investimentos futuros nos vinhos de Bordeaux, assim como as vendas, e os preços, "en primeur", estão em fase terminal, pelo menos até a próxima safra excepcional, e mesmo assim, dada a situação econômica mundial, até essa situação pode não despertar atenção.
 
(Comentário do Editor - essa situação já havia sido prevista pela conceituada crítica britânica Jancis Robinson, que escreveu um duro artigo criticando as avaliações precoces dos vinhos de Bordeaux e o sistema de vendas antecipadas, baseadas em notas dadas para vinhos que, nem de longe, representavam o, que seria colocado posteriormente no mercado).
 
6. A guarda de vinhos em adegas, para serem apreciados com mais idade, ou com propósitos especulativos, é uma espécie em extinção, pois o gosto do consumidor está claramente voltado para vinhos acessíveis, frutados e prontos para beber no momento em que são comercializados, com apelo imediato e fáceis de beber.

7. O movimento jihadista dos vinhos não-sulfurados, ecológicos, com frutas não plenamente maduras, com álcool baixo e sem sabor, promovido pela política dos "anti-prazer" e pela liga "anti-álcool" segue seu curso para o esquecimento, como todos os movimentos extremistas e sem utilidade.
 
(Comentário do editor - o mundo já possui fanáticos em excessos e certamente o mundo do vinho não escaparia ileso dessa ameaça. Felizmente o movimento já está refluindo e os ecochatos do vinho diminuindo. Só sobreviverão os bons vinhos, com seria de se esperar).
 
8. A contínua centralização de poder na mão de poucos personagens do mundo do vinho, é mais perigosa agora do que nunca.
 
9. Vinhos finos e vinhos frágeis continuam a ser maltratados no transporte, armazenamento e nos centros de distribuição, e até nos pontos de venda, pois as empresas preferem não arcar com o elevado preço dos conteiners refrigerados, manutenção de armazéns refrigerados e do transporte em caminhões climatizados.
 
(Comentário do editor - esse problema é ainda mais crítico no Brasil, um país de clima quente e sistema aduaneiro medieval, o que obriga os pobres vinhos a prolongadas sessões de tortura nos escaninhos portuários, submetidos a verdadeira sauna, com evidentes prejuízos à qualidade).
 
10. As gerações mais jovens estão se voltando para as cervejas artesanais e para outras bebidas alcoólicas (Nota do editor- no caso do Brasil, para a vodca) e chegando à conclusão que o vinho não merece o preço e o aprendizado requerido para melhor ser apreciado.
 
Fonte: Artwine (Robert Parker - Via Twitter).

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