segunda-feira, 10 de março de 2014

E da tradição do vinho nasceu um hotel

Do Porto é difícil vê-lo, mas das suas varandas, em Gaia, há a melhor vista sobre o Porto e sobre o Douro e ali quase de imediato que se começa a respirar vinho.
 
O hotel Yeatman está construído sobre várias caves do vinho do Porto, no lado de Gaia, e com
socalcos, como se de uma vinha do Douro se tratasse, o que permite a cada um dos seus 82 quartos tenha uma vista sobre a cidade e um pequeno terraço privado. O seu nome é uma homenagem à família Yeatman, uma das mais importantes no início do comércio de vinho do Porto, que se iniciou em 1838. Os seus descendentes ainda hoje mantêm a tradição e são proprietários das empresas Taylor's, Croft e Fonseca, através do grupo The Fladgate Partnership. O hotel foi inaugurado em 2010, num terreno da família, que só tinha antes uma experiência na hotelaria, também no Douro, mas que quis aproveitar a vista de Gaia sobre o Porto e homenagear o que de melhor tinha para dar: a experiência vínica. Em apenas quatro anos os prémios foram-se acumulando e já este ano recebeu a distinção internacional de melhor hotel vínico nos Best of Wine Tourism 2014, da Best of Wine Capitals.
 
No Yeatman, que pertence à rede Relais & Châteaux, cada recanto, pormenor de decoração é dedicado ao vinho e à sua história na região e nem os seus longos corredores são desperdiçados. Em cada andar há um tema que explica o vinho em Portugal, quais são as regiões vinícolas, como se produz, como foi a evolução no país. Quase como que um museu, mas onde se pode dormir também, sempre num ambiente britânico e luxuoso.
 
Da entrada, ao contrário de um hotel normal, é necessário descer para explorar este mundo do vinho. Primeiro piso, com o restaurante, bar, biblioteca com espaço para fumadores e livros reais e não apenas decorativos. Os responsáveis do hotel pretendem mesmo que os hóspedes usufruam da biblioteca e dos seus livros. Como não podia deixar de ser, há uma loja dedicada ao vinho, onde se pode comprar garrafas de quase todas as marcas usadas no hotel. Mais abaixo há a garrafeira, organizada pela diretora de vinhos Beatriz Machado. Ali estão mais de 25 mil garrafas e cerca de 1200 vinhos, na sua grande maioria nacionais e 82 deles podem ser bebidos a copo em qualquer bar.
 
Descendo mais um andar, temos acesso aos 82 quartos, de executivos, às Master Suites. Já a Bacchus Suite tem uma entrada à parte: são 150 m2 de quarto que mostra só num local todo o espírito do hotel, graças à lareira, ao jacuzzi redondo em cobre, à cama king size rotativa, ou o bar privado. Claro que não é para todas os bolsos, mas há sempre quem esteja interessado em gastar 1100 euros por noite para aproveitar todo este ambiente. É nas Master Suite que o mundo do vinho se impõe mais, com as camas colocadas dentro de tonéis reais, recuperados para o hotel.
 
Todos os quartos e suites estão ligados aos parceiros vínicos do grupo, que são alguns dos melhores produtores de vinhos portugueses e que participam ainda nos programas de provas, seminários e jantares vínicos organizados pelo hotel. Cada quarto tem o nome do parceiro à entrada e a decoração é personalizada com elementos referentes a esse produtor, à região do país e às suas tradições. No interior, criaando também um ambiente familiar, há mais livros e revistas, que os responsáveis do hotel até incentivam que os hóspedes possam levar consigo, desde que deixem outro em troca. Um pormenor em todos os quartos são as janelas das casas de banho, com pequenas portas remotando as casas da ribeira portuense.
 
Sempre com vista para o rio e para o Porto (e que vista!), vale a pena explorar o spa e o ginásio e a piscina interior, principalmente à noite.

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