Uma das proibições mais falhas e conhecidas de todo o mundo foi a Lei Seca Americana, que vigorou por mais de uma década a partir dos anos 20. Com interesses políticos em jogo, essa lei trouxe impactos para toda a sociedade, mas afetou, principalmente, a indústria de vinhos e cervejas. Algumas das consequências dessa lei são sentidas até hoje. Por isso, conheça toda a história por trás dessa proibição:
A proibição
A época da Lei Seca Americana também é conhecida como a época da Proibição Americana ou Proibição nos Estados Unidos. Foi um período que durou dos anos 1920 a 1933, e que proibia produção, transporte ou venda de álcool em todo o território norte-americano.
O dia 16 de janeiro de 1920 foi marcado como o último dia da década em que norte-americanos puderam comprar suas bebidas de maneira legal. Mas mesmo antes da proibição, cerca de 18 estados norte-americanos já tinham adotado uma política bastante restritiva em relação às bebidas alcoólicas.
O panorama político e mundial
Não era a primeira vez que tentava-se proibir bebidas alcoólicas, mas, até então, não nenhum resultado concreto tinha sido obtido. Nos anos 20, entretanto, a situação mudou, graças ao panorama político e mundial: a Primeira Guerra, que aconteceu de 1914 a 1918, plantou a semente que, alguns anos mais tarde, resultou na Lei Seca Americana.
Isso porque muitos lobistas contra o álcool usavam dois argumentos principais: que as matérias-primas utilizadas poderiam servir como alimento para soldados, especialmente no caso das leveduras e cevada, e que boa parte das indústrias de bebidas eram alemãs. Como a Alemanha começou a despontar como a principal inimiga de boa parte do mundo naquele momento, a Lei Seca Americana ganhou um caráter nacionalista e, por vezes, xenófobo.
As consequências
A Lei Seca Americana, apesar de bastante rígida, possuía uma brecha: ela não proibia o consumo de álcool. Com isso, a principal consequência de sua implantação foi o estímulo ao contrabando de bebidas, a sua produção ilegal e, em último caso, a formação de quadrilhas e gangues.
Foi nessa época que a máfia viu seus lucros aumentarem muito, o que permitiu que ela se institucionalizasse. Os criminosos e contrabandistas lucravam com o interesse das pessoas em continuar consumindo álcool mesmo com a imensa propaganda proibicionista. Isso estimulou também a corrupção, principalmente em relação à fiscalização.
A Lei Seca Americana e os vinhos
Antes da proibição ser estabelecida, muitos produtores esperavam que os vinhos não fossem totalmente banidos, especialmente por serem culturalmente importantes em muitos lugares. Apesar disso, a proibição incluiu todo tipo de bebida alcoólica em território norte-americano, e os produtores de vinho também se viram com problemas, afinal, não poderiam vender nos Estados Unidos — e nem exportar, já que a simples produção era proibida.
Graças à proibição, muitas pessoas também começaram a fazer seus próprios vinhos em casa, e a bebida também não deixou de ser servida nos mais de 30 mil bares ilegais que apareceram em todo o país. Com o consumo ilegal a todo vapor, o famoso mafioso Al Capone, atuando em Chicago, foi um dos principais beneficiados da Lei Seca Americana, já que ele era responsável pelo contrabando e venda de vinhos na região.
Já com o fim da Lei Seca, a produção de vinho norte-americano só retornou dois anos depois, em 1935, com extensivas pesquisas para que os produtores pudessem recuperar parte do tempo perdido em relação aos outros produtores do mundo.
A Lei Seca Americana foi, na verdade, uma lei instituída devido às pressões de lobistas que eram a contra a indústria de bebidas. Por ter sido implantada de maneira falha, entretanto, a lei trouxe consigo brechas e construiu o ambiente perfeito para contravenções e contrabandos, sendo considerada um dos maiores fiascos da história recente.
Fonte: SmartBuy Wines
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