segunda-feira, 1 de junho de 2015

O surpreendente marroquino Tandem para a #cbe

O primeiro dia do mês é sempre especial, por ser o dia de falar do vinho escolhido para a Confraria Brasileira de Enoblogs - CBE, mas esse primeiro post do mês de julho tem um ar mais especial, porque o tema foi uma sugestão de quem vos escreve.
 
Os temas da CBE são sempre desafiadores e receber a tarefa de sugerir um, mesmo que esta não tenha sido a primeira vez, é sempre uma baita alegria misturada com uma certa dose de excitação em trazer algo que instigue os confrades a cascavilharem em suas adegas ou nas lojas especializadas por algo que faça com que os demais tenha a vontade de experimentar os vinhos que eles degustaram.
 
Para o mês de maio a minha sugestão para os confrades foi a seguinte: "Um vinho tinto de país que você nunca degustou harmonizado com um prato típico". E a minha escolha para meu quadragésimo primeiro vinho para CBE foi o Domaine des Ouleb Thaleb Tandem Syrah, proveniente da região de Rommaninas (Ben Slimane), no Marrocos.
 
Marrocos está situada no norte da África, bem próximo a Espanha e Portugal, sendo separada do primeiro, apenas pelo estreito de Gibraltar, canal que liga o Oceano Atlântico, ao Mar Mediterrâneo.
 
Com uma antiga história que provavelmente começou com os fenícios, e encontrou certa estabilidade nos tempos romanos, a atividade em escala verdadeiramente comercial começou no país somente no início do século 20, com a chegada de colonos franceses em 1912.
 
Desde a década de 1990, investimentos estrangeiros realizados no Marrocos têm ajudado a indústria do vinho a se desenvolver, a se modernizar, e voltar a brilhar, apesar das pressões da cultura de uma sociedade conservadora muçulmana. A incidência de impostos sobre bebidas alcoólicas, no país, é alta, e não há venda durante todo o mês sagrado do Ramadã. A produção é permitida por lei, mas a venda de bebidas alcoólicas para muçulmanos é oficialmente ilegal.
 
A maior produção marroquina e a de maior destaque é a de vinho tinto. Estima-se que represente 75% do total. E a opinião de alguns especialistas é que os melhores sabores vêm da região de Beni M'Tir, perto de Meknes.
 
E pasmem, o país possui nada mais nada menos que 14 denominações de origem, e uma 15ª, de maior status, chamada Coteaux de l’Atlas 1er Cru.
 
As principais variedades de uvas utilizadas para a produção de vinhos, no Marrocos, são aquelas normalmente encontradas em torno do Mediterrâneo, como a Grenache, Syrah, Cabernet Sauvignon e Merlot. Carignan e Cinsault já foram mais importantes, mas estão perdendo espaço.
 
Domaine des Ouled Thaleb, foi fundada em 1927, quando 3.000 hectares de vinhas foram plantadas em Ben Slimane. E, apesar da sua origem histórica, a vinícola só foi lançada oficialmente em 1968, através da parceria entre Allain Graillot, Jacques Poullain, dois famosos enólogos franceses e Thalvin, um importante produtor de vinhos no Marrocos. Desde então, os vinhos assinados pelo Domaine são considerados os melhores do Norte da África.
 
A região aonde está imbicada a vinícola é rica vegetação, bosques e lagos.
Também conhecida por vinícola Thalvin, essa propriedade está localizada há cinquenta quilômetros de distância de Casablanca, na parte litorânea do Marrocos, onde possui cerca de 450 hectares de vinhas plantadas. A Vinícola pode gabar-se de que é a mais antiga ainda em uso no país.
 
A região conta com solo aluvial-calcário e temperaturas altas durante o dia, com noites muito frescas, que proporcionam o amadurecimento lento e gradual das uvas. As videiras de Syrah são cultivadas de forma orgânica e 60% deste vinho passa por envelhecimento em barris de carvalho.
 
E o vinho? Este foi uma verdadeira e grata surpresa: rico em aromas e encorpado e equilibrado em boca, então sem mais demora vamos a nossa análise.
 
Visualmente mostrou cor rubi com halo denotando alguns traços de evolução e lágrimas finas e lentas. No nariz apresentou aromas de frutas vermelhas, notas florais, alcaçuz, pimenta preta, leve lembrança de alcatrão e couro, tudo isto muito bem integrado a notas de tostado. Em boca mostrou-se encorpado e estruturado, com taninos macios e ótima acidez. Final de boca longo com um mix das notas olfativas aparecendo no retrogosto.

Para harmonizar não podia faltar uma comida com os traços do culinária marroquina, como sugeri no tema, então Fernanda nos preparou um pernil de cordeiro com laranja e mel, além é claro de condimentos usuais na cozinha do país e para acompanhar um couscous marroquino com amêndoas e passas. E o vinho que já era surpreendente ficou ainda melhor com a comida e as receitas serão tema para outro post.


O Rótulo

Vinho: Domaine des Ouleb Thaleb Tandem
Tipo: Tinto
Castas: Syrah
Safra: 2010
País: Marrocos
Região: Rommaninas
Produtor: Domaine des Ouleb Thaleb
Enólogos: Alain Graillot e Jacques Poulain
Graduação: 14,5%
Onde comprar: Wine
Preço médio: R$ 120,00
Temperatura de serviço: 16° - 18°

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