Apesar de ser falso o mito de que vinhos tintos não são
apropriados para o Verão, alguns cuidados devem ser tomados ao escolher o
melhor.
Por Euclides Penedo Borges
Ainda que as temperaturas ambientais elevadas possam influenciar o desejo de
beber vinhos, os comentários de que os tintos não são adequados para o Verão não
procedem e os argumentos usados em tais comentários não têm sustentação.
Tratando-se, entretanto, de uma bebida alcoólica à qual não se deve adicionar
gelo, pois isso lhe altera a essência, a degustação de vinhos tintos nas épocas
mais quentes do ano merece algumas considerações e certo enquadramento. Algumas
orientações quanto à escolha e à degustação de um "tinto de Verão" devem ser
consideradas, sendo que um dos seus atributos pode ser destacado de imediato:
deve ser apropriado para ser bebido frio, diferentemente dos tintos encorpados e
taninosos.
Assim sendo, com referência a tipo e estilo, a preferência deve ser para os
chamados tintos jovens, prontos para o consumo dentro de dois a quatro anos após
a safra, não mais que cinco, elaborados usualmente com uvas internacionais menos
estruturadas como a Cabernet Franc, a Gamay, a Pinot Noir, alguns Merlots fora
de Bordeaux, além de variedades regionais tintas mais leves: Bonarda, Barbera,
Trincadeira...
No que diz respeito às sensações, eles devem agradar pelo brilho de sua cor
rubi, por seus aromas florais, frutados e de vegetais frescos, pela acidez, e
conseqüente frescor, ainda marcante, com um fim de boca francamente frutado.
Corpo, teor alcoólico e tanicidade devem ser apenas moderados.
Considere-se em seguida a temperatura de serviço. Mesmo que você seja cético
em relação à maneira de degustar dos enófilos, atente pelo menos para a
temperatura de serviço. Servir um tinto muito quente é um meio garantido para se
dar mal com um bom exemplar, arruinado pela causticidade do álcool. Muito frios,
os tintos apresentam-se sem aromas e, anestesiadas as papilas, quase sem sabor. No caso dos vinhos de verão, o serviço deve ser próximo de 14ºC e, se há
dificuldades de controle da temperatura, é melhor exagerar no resfriamento pois
o vinho aquece rápido e, se for necessário aquecê-lo mais um pouco, basta
envolver o corpo do copo com as mãos.
Quanto mais leve e menos taninoso for o vinho - e diversos vinhos modernos
são pouco taninosos - mais fresco deve ser servido. Um Beaujolais comum, por
exemplo, tinto de verão por excelência, poderia ser servido entre 12 e 14ºC,
pouco mais que um branco. Finalmente, lembremos que os tintos de verão são
indispensáveis quando se trata de acompanhar adequadamente a comida, em especial
embutidos, presuntos, carnes frias como rosbife, massas e queijos simples e
pouco gordurosos como pede o Verão.
Fonte: Revista Adega
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