quinta-feira, 14 de junho de 2012

O Mapa do Vinho - Parte II

Uruguai

Chegou a hora de falarmos um pouco sobre mais um país da América do Sul: o Uruguai, que é o vigésimo sétimo no ranking mundial da produção de vinho.

Grande parte do vinho produzido pelo Uruguai é para consumo interno. A partir da década de 90, incrementou sua produção para o mercado externo, principalmente para o Brasil. A partir de 1996 teve início o processo de modernização dos vinhedos uruguaios, com a substituição das uvas de baixa qualidade (Isabel) por Vitis Viníferas europeias, onde se destacou a uva símbolo do país, a Tannat.

Os principais vinhedos concentram-se no sul do país, próximo a Montevidéu: Canelones, San José e Colônia (70% da produção), Rivera, ao norte e Colônia a oeste.

Principais uvas: Tintas - Tannat (31% da produção), Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc. Brancas - Pinot Branc, Sauvignon Blanc e Chardonnay.

O melhor vinho do Uruguai é feito com o varietal Tannat, ou com cortes que contenha esta uva. São fermentados, potentes, de cor escura, ótimos para acompanhar um churrasco. Como o nome indica, a uva Tannat possui muito tanino, e em excesso ou mal vinificados deixa um gosto adstringente na boca.

Curiosidade: a Tannat foi plantada primeiro na Argentina, onde quase desapareceu, e no Uruguai ganhou o nome de Harriague, sobrenome do imigrante francês que plantou as primeiras mudas. Só nos anos 80, constatou-se que se tratava da Tannat.

Estados Unidos

Mais um país do dito Novo Mundo, mas que já é o quarto maior produtor de vinho do mundo, ficando atrás apenas de Itália, França e Espanha na produção de vinhos - e 90% dos vinhedos estão concentrados na região da Califórnia. O país tem um forte mercado interno, quase toda a produção é consumida nos EUA, por isso é pequena a oferta de rótulos americanos nas lojas e importadoras brasileiras.

Os vinhos são produzidos em mais de 100 zonas, conhecidas como American Viticultural Area (AVA). As mais importantes ficam na Califórnia, onde se encontram as regiões do Vale do Napa (aqui reina a Cabernet Sauvignon), Sonoma (bons Pinot Noir e Chardonnay), Mendocino e Lake Caoutry. Os estados de Washington e Oregon também se destacam no cenário da viticultura americana. O clima de Oregon segue o modelo da Borgonha, na França, com pequenas propriedades e uso de Pinot Noir para os tintos.

Principais uvas: Tintas - Cabernet Sauvignon, Zinfandel, Merlot, Pinot Noir e Syrah. Brancas - Chardonnay, Viognier, Roussane, Riesling e Sauvignon Blanc.

Os enólogos que se instalaram na Califórnia sempre tiveram a região de Bordeaux, na França, como modelo, seus cabernet sauvignon e chardonnay de primeira linha, a despeito do preço altíssimo, são verdadeiras joias do mundo do vinho.

Apesar de ser considerada a uva símbolo dos EUA, muitos vinhos produzidos com a Zinfandel são muito potentes e alcoólicos.

Testes recentes de DNA apontam muitas semelhanças entre a italiana Primitivo e a Zinfandel. Em solo americano, no entanto, ganhou características próprias, e os Estados Unidos conquistaram assim uma uva para chamar de sua.

Curiosidade: Em 1976 o mundo do vinho recebeu, surpreso, a notícia de que em uma degustação às cegas, realizadas em Paris pelo britânico Steven Spourrier, rótulos americanos da Califórnia venceram tradicionais franceses de Bordeaux e da Borgonha. As estrelas da terra do Tio San foram o Stag´s Leap Winnes Cellar (Cabernet Sauvignon) e Château Montelena (Chardonnay). Começa aí a ascensão - até dos preços - dos vinhos americanos.

França

Esta é a primeira do ranking mundial e também a mais lembrada quando se fala de vinhos. A França produz os melhores e mais emblemáticos vinhos do planeta com uma legião de admiradores e imitadores; é ainda o país que mais bebe vinho no planeta por consumidor adulto. Berçário das principais uvas usadas em vinhedos ao redor do mundo tem um sistema de classificação que é uma referência para outros países. Deve-se a França o conceito de terroir, do envelhecimento do vinho em pequenos tonéis de carvalho, além da tradição passada de geração a geração. Mais do que em qualquer outro lugar, o vinho francês está intimamente ligado à região e a terra onde é produzido.



As principais regiões produtoras são: Borgonha, Bordeuax, Rhône, Loire, Alsácia, Champagne, Languedoc-Roussilon.

Borhonha

Possui alguns dos mais raros e caros rótulos do mundo. A figura do produtor é tão importante na definição de qualidade quanto os diferentes tipos de solo e de microclima (terroir). Principais sub-regiões: Chablis (brancos), Côte d`Or (melhores vinhos da Borgonha: tintos na Côte de Nuits e brancos na Côte de Beaune), Côte Chalonise (tintos e brancos), Mâconnais (brancos) e Beaujolais (vinho tinto leve e fácil de beber, para ser consumido jovem).

Principais uvas: Tintas - Pinot Noir e Gammay (só em Beaujolais). Brancas - Chardonnay.

Os melhores tintos da Borgonha (Pinot Noir) são vinhos de conhecedores, de incomparável elegância e complexidade; os brancos são considerados os melhores do mundo.

Os vinhos mais comuns da Borgonha podem ostentar no rótulo nomes famosos de sua comuna confundindo o consumidor que leva gato por lebre.

Curiosidades: Um vinhedo da Borgonha pode ter dezenas de proprietários com métodos de cultivo e vinificação diferentes. Os melhores rótulos são aqueles classificados como Grand Cru (apenas 2% da produção da região), seguido de Premiers Crus.

Bordeaux

É a mais conhecida região vinícola da França e produz tintos encorpados e classudos, seu corte bordalês (uma variação de Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot) é imitado em todo o mundo. Os brancos são sempre da aromática Sauvignon Blanc. Também de Bordeuax vem um dos mais incensados doces do mundo, o Château de Yquem.

Os rios Garonne e Dordogne dividem a região de Bordeaux em dois grandes blocos: margem esquerda e direita. Na margem esquerda ficam as sub-regiões Médoc (Haut, tintos encorpados; e Baixo, com 60 clássicos Grand Crus); Graves (Bas, tintos e brancos; Graves Superior, brancos e Pessac-Léognan, tintos e brancos); Sauternes (brancos doces); na margem direita, Entre-Deux-Mers (tintos encorpados e brancos); Saint-Émillion (63 Grand Crus) e Pomerol (tintos potentes e famosos).

Principais uvas: Tintas – Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, PetitVerdo e Malbec. Brancas – Sauvignon Blanc, Sémillon e Muscadelle.

Experimente vinhos de “Petit Châteaux” das AOCS de Bordeuax, eles apresentam uma boa relação de preço / qualidade.

Infelizmente não existe milagre: os Bordeaux genéricos, muito baratos são vinhos muito fracos e não representam a qualidade da bebida produzida na região.

Rhône

Região vinícola mais antiga da França. No vale do Rhône, a uva Syrah é quem domina o cenário, produzindo vinhos com notas de flores, frutas e principalmente especiarias. O vale do Rhône se divide em duas principais áreas: ao norte, com as apelações Côte-Rotie e Hermitage; ao sul com a famosa Châteauneauf-du-Pape.

Principais uvas: Tintas – Syrah, Grenache, Mourvèdre, Carignan e Cinsault. Brancas – Viognier, Marsanne, Roussanne e Muscat (doce).

Curiosidade: Châteauneauf-du-Pape se refere ao castelo construído pelo papaClemente V ao norte de Avignon, no período em que o papado foi transferido de Roma para esta cidade.

Loire
O Vale do Loire produz vinhos de vários estilos, mas os brancos predominam e são responsáveis pelos rótulos mais emblemáticos. Experiências biodinâmicas são muito bem sucedidas na região, com o produtor Nicolas Joly.

Principais uvas: Tintas – Pinot Noir, Gammay, Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon Syrah, Grenache, Mourvèdre, Carignan e Cinsault. Brancas – Sauvignon Blanc, Chenin Blanc, Chardonnay e Muscadet.

Champagne

É a região vinícola da França mais setentrional, o que dificulta o cultivo de vinhedos para tintos tranquilos. A composição do solo e subsolo (calcário) produzem uvas maduras com boa acidez que resultam em uma bebida excepcional. Aqui é o berço dos melhores e mais desejados espumantes do mundo.

Principais uvas: Tintas – Pinot Noir e Pinot. Brancas – Chardonnay.

Curiosidades: Ao contrário do ocorre com os tintos e brancos, nos champanhes é comum a mistura de uvas de mais de uma safra na composição do vinho.

Fonte: Veja.com

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