
Um espetáculo grandioso, que reúne dezenas de bailarinos, orquestra e um coral com 250 vozes, conta a história da uva e do vinho em Mendoza. A Festa da Vindímia, que celebra o início da colheita das uvas na região, acontece todos os anos entre os meses de março e abril e atrai milhares de pessoas.
A província de Mendoza fica no oeste da Argentina, aos pés da Cordilheira dos Andes. As uvas e o vinho chegaram ao lugar no século 16, junto com os colonizadores espanhóis. O enólogo Roberto de la Mota, conhecedor e criador de vinhos, explica: “Mendoza foi fundada em 1561. Os espanhóis trouxeram as videiras porque precisavam da uva passa como alimento nas grandes caminhadas. Não se esqueça que eles vieram do Chile atravessando a cordilheira a pé e também precisavam do vinho pra celebrar as missas”.
Roberto de la Mota é um dos donos da vinícola Mendel, que só produz vinhos de alta categoria. No lugar, há videiras com mais de 80 anos de idade. Quanto mais velha a planta é melhor para fazer vinho.
O agrônomo da vinícola Santiago Mayorca explica que em Mendoza todos os vinhedos são irrigados por gotejo, sistema que garante em torno de 95% do aproveitamento da água. O clima dessa região também proporciona uma grande amplitude térmica, o que é muito bom para o cultivo de uvas. Além de seca, a região tem solos pobres, que retém pouca umidade e com baixo teor de matéria orgânica.

Muitas vinícolas ou bodegas, como se diz pelo lugar, instalaram-se nas encostas da Cordilheira dos Andes, na região conhecida como Vale do Uco. A bodega Salentein, empresa que cultiva um dos maiores vinhedos de Mendoza, tem 700 hectares. A fazenda tem 22 quilômetros de comprimento e altitudes variando de 1.050 a 1.700 metros, que permite o cultivo de diversas variedades de uva e com muita qualidade. Na propriedade há videiras com idade variando entre três e 35 anos, com 80% de uvas tintas e 20% de brancas.
A tela que reveste as videiras serve para proteger as frutas de chuvas de granizo, que são frequentes nessa região. Para conduzir as videiras, é usado o sistema de espaldeiras: estrutura formada por linhas de arame esticado. O clima da região também é bom para a saúde das plantas.
Por ano, a bodega produz sete milhões de quilos de uva. O clima e a topografia da fazenda facilitam a colheita das frutas. Com a maturação escalonada, 80 pessoas dão conta de colher toda a produção.
O clima certo e a água do degelo estão atraindo produtores de vinho de outras partes do mundo para Mendoza, como o empresário espanhol José Ortega Fournier. A bodega Ofournier tem três fazendas na região, onde cultiva 300 hectares de videiras. A especialidade da bodega é uva tempranilho, que tem esse nome porque é a primeira a ser colhida. Essa variedade também é a mais usada pra produção de vinhos na Espanha. A bodega ainda planta uva das variedades sirrah, cabernet sauvignon, merlot e malbec.

As uvas colhidas no campo vão para a bodega onde são selecionadas, separadas dos cachos e esmagadas. Depois, seguem para imensos tonéis para fermentação. Após esse processo, o vinho é transferido para a cave, lugar onde vai envelhecer. Os vinhos tintos são colocados em barris de carvalho francês, onde passam de três a 18 meses, dependendo da categoria. Quanto melhor o vinho, mais tempo ele fica no barril. Os vinhos brancos não envelhecem em madeira.
Hoje há cerca de mil bodegas em Mendoza, que transformaram a Argentina na quinta maior região produtora de vinhos do mundo. De 2010 para 2012, as exportações de vinho do país tiveram um aumento de mais de 47%.
Fonte: Globo Rural
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