domingo, 15 de julho de 2012

O Mapa do Vinho - Parte IV

Dando continuidade as nossas postagens da série especial Mapa do Vinho hoje vamos falar sobre Espanha e Portugal.

Espanha

É o segundo maior produtor de vinhos do mundo, posição esta ocupada pela Itália até 2010. Ela possui a maior área de vinhedos do mundo, com 1.174 mil hectares plantados. Produz tintos elegantes e encorpados e brancos de boa intensidade, elaborados tanto com as castas internacionais como com as nativas, sendo a Tempranillo a vedete das tintas. Regiões tradicionais se mesclam com as novas fronteiras recentemente exploradas, produzindo tintos, brancos e espumantes (cavas) de ótima expressão.

Principais Regiões

Rioja, Penedès, Priorato; Cartilla y León (Ribera del Duero, Rueda, Toro); La Mancha, Jerez.

Rioja, Catalunha e Priorato (Penedès)

Estas regiões ficam ao nordeste da Espanha e são as únicas com vinhedos de origem qualificada (DOCa) da Espanha. Rioja produz os vinhos mais famosos e tradicionais do país, ricos e marcados pelo estágio em barricas de carvalho. A sub-região Rioja Alta elabora os melhores rótulos. Em Penedès os destaques são os espumantes (cavas) e no Priorato os tintos da nova geração de enólogos são as estrelas.

Principais uvas: Tintas - Tempranillo, carifiena, garnacha, mazuela e graciano (Rioja); grenache noir, cabernet sauvignon, merlot e pinot noir (Priorato); Brancas - Maccabeo, malvasia riojiana, garnacha blanca (Rioja), maccabeo, parellada, xarel-lo e chardonnay (Penedès).

Curiosidade

O Marquês de Riscal de Alegre foi o responsável, em 1960, pela introdução do uso da barrica de carvalho em Rioja, após uma estada em Bordeaux, e junto com outro marquês, o de Murrieta, começou a produzir vinhos no estilo bordalês, no qual a uva nativa tempranillo dava ótimos resultados, o que persiste até os dias de hoje. Os dois levam seus nomes em rótulos de conhecidos vinhos da região.

Cartilla y León -  Galícia, Ribera del Duero, Rueda e Toro

Ribera del Duero é a mais importante região de Castilla y León, berço do mítico Vega Sicilia. Os caldos são potentes, intensos, muito ricos e com grande capacidade de envelhecimento. Os brancos da uva albariño da Galícia, também no noroeste da Espanha, são emblemáticos.

Principais uvas: Tintas - Tinta fino (Tempranillo em Duero), tinta de toro (Tempranillo em Toro), mencia (Galícia e Bierzo); Brancas - Albariño, verdejo e palomino.

Os brancos produzidos com a Albariño são frescos, aromáticos e ideais para acompanhar frutos do mar.

Alguns tintos de Toro são muito alcoólicos, fique atento se esta é uma característica que não deseja encontrar no vinho.

Curiosidade

Os vinhos da Rioja e Ribeira del Duero são classificados pelo critério de idade:

Jovem - não passam por barril de carvalho.
Crianza - 1 ano de barrica de carvalho e 1 ano de garrfa.
Reserva - 1 ano de barrica de carvalho e 2 anos de garrafa.
Gran reserva - 2 anos de barrica de carvalho e 3 anos de garrafa.

La Mancha e Jerez

A denominação de La Mancha, no centro, é a mais vasta da Espanha e produz vinhos jovens. Valdepeñas é a região responsável pelos rótulos de melhor qualidade. Já a região do sul do país é responsável pelo fortificado Jerez.

Principais uvas: Tintas - Tempranillo (cencibel em Valdepeños), garnacha e monastrell; Brancas - Palomino (90% dos vinhedos de Xerez), pedro ximenéz, moscatel fino, arién, maccabeo.

O Jerez é o vinho espanhol mais antigo e o segundo tipo mais comercializado do país. Também tem um sabor único e geralmente é bebido como aperitivo.

O Jerez pode ser classificado em dois estilos: finos (mais secos e delicados e que deve ser bebido jovem) e olorosos (mais ricos e potentes e com maior perfume). Os finos podem ser manzanilla (muito seco, levemente salgado, uma característica rara em vinhos), amontilado (mais escuro e robusto, sabor de nozes), oloroso (também escuro, concentrado e rico em sabores de fruta seca e nozes).

Portugal

É o décimo primeiro em produção de vinho e foi o primeiro país do mundo a estabelecer uma demarcação de origem, a do douro, em 1756, por ordem do Marques do Pombal. Produz vinhos de diferentes personalidades e estilos, graças à diversidade de terroirs e ás variedades nativas de qualidade - muitas com nomes curiosas, como bastardo, trincadeira baga, alfrocheiro, rabo-de-ovelha, etc. São famosos também seus fortificados do Porto. Nos últimos anos, modernizou sua vinicultura e a introdução de castas estrangeiras, em vez de uniformizar a produção, ajudou a modernizar e criar rótulos que mantêm a alma lusitana.

Principais Regiões

Minho, Douro, Bairrada, Dão, Alentejo, Ribatejo, Setúbal e Estremadura.

Minho

Situada ao Norte de Portugal é a região dos famosos vinhos verdes, que são refrescantes, com ótima acidez e com certa efevercência.

Principais uvas: Tintas - Azal-tinto, borraçal e pedral; Brancas - Alvarinho, avesso, azal-branco, batoca, loureiro, padernã e trajadura.

O vinho verde é para ser bebido jovem, e sua efervescência é natural. Este tipo de vinho não combina com pratos fortes, prefira bebê-lo acompanhado de peixes e frutos do mar.

O vinho verde tem esse nome de verde pelo fato de ser uma bebida para ser degustada jovem. Na verdade trata-se de um vinho branco (os mais famosos) ou mesmo tinto.

Douro

É uma das regiões vinícolas mais bonitas do mundo, as parreiras são plantadas em terraços esculpidos em suas montanhas cortadas pelo Rio Douro. Berço do vinho do Porto, o Douro é a primeira região demarcada do mundo (1756) e passa por uma revolução de qualidade liderada por jovens enólogos, responsáveis pela produção de complexos tintos e brancos obtidos em antigas vinhas.

Principais uvas: Tintas - Touriga nacional, tinta cão, tinta barroca, tinta roriz, touriga francesa, bastardo, donzelinho, tinta francisca e mourisco tinto; Brancas - Viosinho, donzelinho branco, esgana-cão, folgazão, malvasia corada, malvasia fina, rabigato e gouveio.

Existem 6 tipos de Vinho do Porto: Branco, Ruby, Tawny, Com Indicação de Idade, Colheita e Vintage. Este último, vinho de uma só colheita, é o que produz o melhor Porto.

Não é porque contém álcool vínico que o Vinho do Porto deve ser guardado por muito tempo depois de aberto. Ele mantém suas qualidades intactas por no máximo duas semanas.

Curiosidade

O que diferencia um Porto de outros vinhos é que sua fermentação é interrompida com a adição de aguardente vínica, o que preserva o açúcar natural da uva e gera uma bebida com graduação alcoólica entre 19 e 21 vol.

Bairrada

Aqui brilha a uva baga, que quando não é bem cuidada pode ser agressiva na boca. O vinhateiro Luis Pato se destaca como  um dos responsáveis pela volta da região para o cenário do vinho.

Principais uvas: Tintas - Baga (principal), castelão, moreto, tinta pinheira, alfrocheiro preto, bastardo e jaen; Brancas - Maria Gomes, bical, arinto, sercial, serciarinho e rabo-de-ovelha.

Curiosidade

Em 1765 o Marquês de Pombal mandou arrancar a maioria das vinhas da Bairrada, sob o argumento de que estava  zelando pelos vinhos de qualidade.

Dão

O Dão está cercado de serras. Seus 20 mil hectares são plantados apenas com uvas típicas de Portugal e a região é dominada por cooperativas cuja produção majoritária é de tintos. o Dão vive, nos últimos anos, uma retomada de qualidade, produzindo vinhos modernos, com muita fruta.

Principais uvas: Tintas - Alfrocheiro preto, touriga nacional, tinta pinheira, jaen e tinta roriz; Brancas - Encruzado, malvasia fina, bical, sercial e arinto.

Alentejo

Está dividido em 8 sub-regiões e os vinhos estão classificados em três categorias: vinhos de mesa, Vinho Regional Alentejano (superior) e os de melhor qualidade, Vinhos de Qualidade Produzidos em Região Determinada (VQPRD). No período de 1932 e 1968 várias parreiras foram arrancadas por ordem de Antônio Salazar e substituídas por trigo e outros grãos. O potencial desta região vizinha da Espanha, só começou a ser explorado nas duas últimas décadas.

Principais uvas: Tintas - Tricadeira, aragonês (que recebe o nome de tinta roriz no Douro e tempranillo, na Espanha), alfrocheiro e alicante bouchet; Brancas - Roupeiro e arinto.

A região produz exemplares que estão entre os melhores de Portugal, há boas ofertas no mercado brasileiro, entre eles os míticos  Mouchão e Pêra Manca.

Por ter um clima muito quente, alguns vinhos do Alentejo são muito alcoólicos.

Curiosidade

O Alentejo é o maior produtor mundial de cortiça, a matéria prima da rolha, que é extraída do sobreiro, uma árvore típica da região.

Ribatejo

Localizada no centro-sul de Portugal, estende-se ao longo do Rio Tejo. É uma região nova e elabora vinhos mais modernos, parecidos com os do Novo Mundo, com bastante uso de varietais.

Principais uvas: Tintas - Baga, marmarate, trincadeira, castelão francês (periquita), tinta miúda, cabernet sauvignon e syrah; Brancas - Arinto, Fernão Pires, tália, chardonnay.

O Conde de Vimioso é vinho premiado e merece ser conhecido. Produzido com as variedades touriga nacional, aragonês, trincadeira e cabernet sauvignon, foi indicado pelas revistas Decanter e Revista dos Vinhos.

Setúbal

A denominação de Origem de Setúbal é uma das mais antigas e mais importante no setor vitivinícola de Terras do Sado. Famosa pelo vinho doce Moscatel de Setúbal é deonominada pela gigante José Maria da Fonseca, produtora do conhecido Periquita.

Principais uvas: Tintas - Moscatel roxo, castelão francês (periquita), trincadeira, aragonês, cabernet sauvignon, syrah e merlot; Brancas - Moscatel romano e alexandria.

Curiosidade

O Periquita (85% de castelão, 7,5% de aragonês e 7,5% trincadeira) é o vinho português mais vendido no Brasil e existe desde a década de 1950.

Estremadura

Região situada próximo à Lisboa, abriga dez diferentes denominações como Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Bucelas e Óbidos. A partir do ano 2000 começaram a ser elaborados vinhos com cortes de castas portuguesas misturadas a outras de origem francesa.

Principais uvas: Tintas - Castelão, tinta miúda, shiraz, cabernet sauvignon e merlot; Brancas - Antão vaz, arinto, bical, chardonnay e fernão pires.

Fonte: Veja.com

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