Aspecto da degustação que mais intriga os apreciadores, os aromas do vinho são aprendidos com prática e estudo
Por: Sílvia Mascella Rosa
Você conhece laranjas, certo? Tanto que provavelmente já serviu suco de
laranja-lima para as crianças pequenas (pois é mais doce e menos ácido). Talvez
goste quando,
na padaria, o suco de laranja-pêra está bem fresco. Ou ainda peça sua caipirinha
com saquê e lima-da-pérsia. Quiçá aprecie a chegada do verão e, com ele, as
laranjas-bahia, grandes, suculentas, de casca grossa e umbigo de
fora.
Você
percebeu que, mesmo sendo todas laranjas, cada uma tem sabor singular, acidez
única e um aroma particular. Com as uvas, é a mesma coisa. Algumas são boas para
comer (Rubi, Itália, Thompson), outras são boas para fazer suco (Isabel,
Bordô) e outras ainda são ideais para fazer vinho, como a Merlot, a Cabernet
Sauvignon, a Chardonnay e a Pinot Noir.
Infelizmente,
poucos assuntos complicam mais a vida de quem aprecia vinhos do que entender os
cheiros (também chamados de aroma e buquê). Tanto que algumas pessoas chegam a
rotular quem reconhece algo além do cheiro de álcool e de uva de enochato.
O Nariz e a Memória
Armazenamos
mais informações em nosso cérebro do que utilizamos em nosso dia-a-dia. Com os
aromas é a mesma coisa: somos capazes de associar o cheiro de algum lugar à casa
de um parente, de lembrar de um antigo amor somente pelo perfume e de não gostar
de um alimento apenas pelo aroma que ele tem.
Todos
esses cheiros fazem parte da nossa memória afetivoolfativa e são revividos por
nosso cérebro em uma questão de milésimos de segundo. Quando degustamos um
vinho, obrigamos o cérebro a buscar aqueles aromas em nossa
memória.
Para
facilitar a vida de quem degusta profissionalmente e tem, muitas vezes, de
atribuir notas e pontuação aos vinhos, os aromas são classificados e, portanto,
seguem um padrão para que qualquer degustador - seja ele chinês ou polonês -
fale a mesma língua.
A Ciência Explica
Os
aromas que os degustadores reconhecem não resultam, portanto, de ideias
aleatórias, mas, sim, de compostos orgânicos bem conhecidos. A divisão dos
aromas
para a degustação obedece a uma regra básica: aromas primários -
aqueles que vêm das uvas; aromas secundários - oriundos do processo de
fermentação; e aromas terciários - formados na maturação e envelhecimento do
vinho.
Para melhor sentir os aromas é preciso aspirar o vinho com delicadeza e não com intensidade. |
Reconhecendo os Principais Aromas
Existe
uma dica importante que poucos degustadores passam adiante: aspirar com muita
intensidade os aromas na boca da taça só vai trazer para sua narina o cheiro de
álcool. Ele é, sim, o mais forte e o mais volátil. Por isso, aspire com
delicadeza, sempre.
No caso dos espumantes, a taça não deve ser girada. Esse movimento, que equivale
a colocar uma colher no refrigerante, faz as borbulhas desaparecerem,
e
são precisamente as bolhas que permitem aos aromas dos espumantes alcançarem
nossos narizes. Se for difícil identificar o buquê do espumante, pode ser
porque
o vinho está gelado demais (isso fecha os aromas) ou por ser muito sutil, feito
com uvas pouco aromáticas (as uvas brancas são divididas em aromáticas
e
não
aromáticas). Ajuda tampar a taça com a palma da mão por alguns segundos e depois
aspirar novamente.
Ao
degustar, tente relacionar os cheiros à sua memória olfativa. Quanto mais você
repetir essa experiência, mas fácil perceberá os aromas nas degustações
futuras
O
fato de uma uva ser classificada como "não aromática" não tem nenhuma influência
na qualidade final dos vinhos. Tal classificação, aliás, não quer dizer
que
não tenha aroma algum, apenas que seus cheiros são menos pronunciados.
Chardonnay, Riesling e Pinot Grigio são exemplos de não aromáticas, e Moscato e
Sauvignon Blanc, das aromáticas.
Antes
de degustar, leve em consideração alguns detalhes: o local deve estar livre de
outros cheiros, como os de desinfetante e insenso. Para fumantes, são
necessárias algumas horas sem o cigarro para que as narinas voltem a captar os
aromas e pode ser até mesmo necessária a troca de roupas, pois elas retêm o odor
do tabaco.
Evite
consumir café, chá preto e leite por duas horas antes da degustação e não use
perfume e nem creme para as mãos. Depois, verifique se as taças estão com algum
aroma. Certas vezes, quando guardadas ainda úmidas em armários de madeira, elas
cheiram a madeira. Limpe-as com um pano branco e um borrifador com medidas
iguais de água e álcool.
Lembre-se
de que sentimos os aromas de duas maneiras: a direta, pela aspiração através das
narinas; e a retronasal, percebida quando engolimos a bebida (percepção comum
quando se está resfriado).
Para
auxiliá-lo em sua próxima degustação, veja (na tabela final) alguns dos aromas
mais associados a vinhos brancos e tintos. Perceba como quase todos eles fazem
parte de nossa memória olfativa cotidiana e isso facilitará sua apreciação dos
vinhos.
Importante é repetir essa experiência, pois, assim, o cérebro se encarregará de
deixar essas memórias olfativas prontas para a sua próxima
degustação.
Aromas podem ser primários (vêm das uvas), secundários (da fermentação) e
terciários (surgem com o envelhecimento do vinho)
Fonte: Revista Adega
Amigo, bela 'postagem'.
ResponderExcluirValeu Amigo! Abraço.
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