A valorização de 20% do dólar em relação ao real, neste ano, começa aos
poucos a chegar aos preços dos vinhos e cervejas importadas nas adegas,
supermercados e empórios brasileiros. O movimento ainda se restringe a algumas
marcas de bodegas argentinas e chilenas e a poucas dezenas de cervejas. No
entanto, as importadoras já comunicaram às lojas que precisam repor produtos nas
prateleiras que terão de pagar mais pelas bebidas.
Nas duas últimas semanas, os preços de alguns rótulos de vinhos subiram de 5%
a 10%, como os da uva Malbec Catena, Alma Negra e o Benegas. Os chilenos Carmen,
Gran Tarapacá e Requinguá também tiveram reajustes. A expectativa dos
comerciantes é de que, na média, os vinhos importados fiquem 15% mais caros já
no próximo mês e a estratégia de venda tem sido lembrar aos clientes: "aproveite
esse preço para levar algumas garrafas a mais". O gerente do Empório Net Drinks
que fica no bairro de Higienópolis, em São Paulo, Narciso Ferreira Filho, diz
que a pressão de reajuste das importadoras já está forte o suficiente para
impedir descontos mesmo para aqueles que compram em quantidade. "Casa Flora,
WineBrands, Decanter e Mistral já avisaram que vão subir os preços no próximo
mês", diz Ferreira. "No caso da Mistral, a própria tabela já está em dólar".
Em algumas casas, como a Bacco's, os vendedores têm dado dicas de vinhos com
qualidade parecida dos mais caros mas que custem até metade do preço. O vendedor
Cristiano de Souza não titubeia em recomendar a seus clientes que troquem o
ícone Catena, na faixa dos R$ 70, pelo Lote 44, que custa R$ 40. "O Lote 44 é
feito por um vinhedo que é dissidente do Catena, tem ótima qualidade".
Em faixas de preço mais elevado, os reajustes também serão inevitáveis, mesmo
dos vinhos europeus cotados em euros. Algumas garrafas como o Petrvs que
custavam R$ 12 mil na Casa Santa Luzia já têm previsão de custar mais de R$ 20
mil na próxima leva. Mas o gerente Marcelo Lopes Marcelindo explica que não será
só o dólar o responsável. "Tínhamos aqui um Petrvs 96 que é superado de longe
pelo da safra de 2009 que vai chegar". Marcelindo diz que apenas o Requingua
teve reajuste na adega da casa até agora, mas já se espera uma alta generalizada
na medida em que os estoques forem trocados. Pela sua experiência, entretanto,
num primeiro momento os clientes se retraem, mas logo voltam a consumir.
Fonte: Estadão
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