Uma residência no município de São Valentim do Sul chama a atenção por misturar tradição italiana e muita criatividade no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul. A casa foi construída com duas pipas de verdade, grandes estruturas de madeira usadas durante muitos anos por uma cooperativa de Bento Gonçalves na produção de vinho. Cada barril usado poderia armazenar 100 mil litros da bebida.
“Nós somos descendentes de italianos. Meu pai passou a vida inteira produzindo seu próprio vinho. Então a gente achou que ali tinha uma história, com a pipa, o vinho, os italianos. Resolvemos trazer toda essa cultura”, explica a secretária Adriana Vaccari, que mora no local.
Segundo a família, tudo foi feito aos poucos. E não foi fácil. A madeira precisou ser tratada, e as tábuas foram recolocadas uma a uma.
Para levar as pipas ao local, foram necessários dois tipos diferentes de caminhões , já que o volume de material é muito grande. “Vendo elas montadas, não parece tanta madeira, mas é realmente muita”, diz a proprietária.
A Serra gaúcha é a maior produtora de vinho do país. Das 730 vinícolas do Rio Grande do Sul, 80% estão na região. O trabalho começou com os imigrantes italianos, há cerca de 140 anos.
Atualmente, muitas famílias ainda fazem a bebida da mesma forma que os antepassados, no porão de casa. É lá que o vinho colonial é elaborado e envelhecido dentro das pipas de madeira por no mínimo um ano, intensificando a cor, o aroma e o sabor.
“Na verdade, gostaria que uma das pipas estivesse cheia de vinho”, brinca Adriane. “Mas aí a gente pensa que o que era uma pipa de vinho hoje é o lugar onde a gente dorme, toma banho, faz as refeições. É bem diferente”, conclui a moradora.
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