segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Tarapacá Brut: um bom custo x benefício

Os espumantes não são uma constante neste blog, muito pelo contrário, não exclusivamente por falha minha, mas sim por um conjunto de situações (falta de hábito, oferta pouco diversificada em Recife, preços elevados para as linhas mais elaboradas...). Porém, no que depender de mim tentarei modificar esse cenário, pois além de serem maravilhosos combinam perfeitamente com o clima do Recife.
 
Em minha última visita a DLP em Recife (quem é apreciador de vinhos e é de Recife ou está de passagem por aqui, vale a pena conferir seus preços) fiquei de olho no Tarapacá Brut, pelo seu atraente rótulo, mas temeroso pelo seu preço (R$ 28,00), mas findei por comprar e não me arrependi nem um pouquinho.
 
O Tarapacá Brut é um espumante cuja vinificação dá-se pelo método Charmat* é uma assemblage das cepas Chardonnay, Pinot Noir e Sauvignon Blanc e como já citado anteriormente possui um rótulo bem atraente e que deu um belo conjunto com a garrafa.
 
Visualmente mostrou uma cor amarelo palha bem claro, perlage fino, abundante e de boa persistência. No nariz msotrou arromas de flores e flutos brancos e notas delicadas de pão tostato. Em boca muito refrescante, com acidez em boa intensidade. Final de boca seco de média intensidade com a fruta aparecendo no retrogosto.
 
Espumante fácil de beber, de ótimo custo x benefício, bom para tomar como aperetivo ou para acompanhar frutos do mar, como foi o caso. Uma boa pedida para estes dias tórridos.
 
O Rótulo
 
Vinho: Tarapacá Brut
Tipo: Espumante
Casta: 50% de Chardonnay, 35% de Pinot Noir 15% de Sauvignon Blanc
Safra: Não safrado
País: Chile
Região: Vale do Maipo
Produtor: Viña Tarapacá
Graduação: 12%
Onde comprar: DLP
Preço médio: R$ 28,00
Temperatura de serviço: 4º
 
*Post Scripitum
 
Também chamado Charmat-Martinotti, este processo é um método mais econômico que o Método Champenoise para criar gás carbônico nos espumantes. O vinho é submetido à segunda fermentação em tanques de aço inoxidável (em vez da própria garrafa) e é engarrafado sob pressão. O processo é similar ao de fabrico de refrigerantes, diferindo deste na medida em que o gás carbônico do espumante é produzido na segunda fermentação (enquanto o do refrigerante é simplesmente adicionado por uma fonte externa ao processo).

Este processo foi inventado em 1895 pelo enólogo italiano Federico Martinotti mas foi patenteado em 1907 pelo francês Eugène Charmat.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Passeio Enológico por Portugal: Roquevale

A Roquevale foi fundada por António Alfredo Gomes dos Santos, produtor de vinho na região de Torres Vedras, Estremadura e que foi o primeiro viticultor exterior ao Alentejo a acreditar no seu potencial para a produção de grandes vinhos. Em 1970, adquiriu na região do Redondo, a Herdade (Fazenda) da Madeira Nova de Cima e o Monte Branco. A primeira, de terrenos xistosos, para as castas tintas, e a segunda, de solos graníticos, essencialmente para as castas brancas.

Durante vários anos as uvas foram entregues numa Adega Cooperativa. Em 1983, por iniciativa do genro de Gomes dos Santos, Carlos Roque do Vale, foi criada a Roquevale. Seis anos mais tarde foi construída uma adega no meio das vinhas do Monte Branco e em 1989 iniciou-se a produção de vinho com marca própria.
 
Após ter sido diretor de uma Adega Cooperativa durante nove anos, Carlos Roque do Vale assumiu o controle da Roquevale. Com base na experiência que tinha adquirido, passou a construir, de forma determinada, uma grande empresa vitivinícola. O objetivo que impôs a si próprio era simples: “produzir vinhos que soubessem conquistar o mercado”. E atingiu-o de forma indiscutível. Atualmente com 200 hectares de vinhas próprias, uma adega moderna e bem equipada, caves de envelhecimento grandes e muito bonitas, a Roquevale é a segunda maior empresa privada de vinhos do Alentejo.
 
Esse foi o penúltimo stand que visitamos durante o Passeio Enológico por Portugal. Degustamos 5 rótulos da Roquevale e os descrevo nas linhas que seguem.
 
Convento da Serra Branco 2010
 
Vinho muito fácil de se encontrar no Brasil. Possui um rótulo com a imagem de um convento e uma imagem de azulejos  com a inscrição do nome do rótulo, tornando o rótulo e o nome do vinho muito harmonicos.
 
O vinho mostrou uma cor amarelho clara, com tons palha. Aromas de limão, denotando bastante frescor ao vinho. Em boca mostrou-se suave, com boa acidez e frescor. Final de boca refrescante e de média persistência.
 
O Rótulo
 
Vinho: Convento da Serra
Tipo: Branco
Casta: Fernão Pires, Rabo de Ovelha e Roupeiro
Safra: 2010
País: Portugal
Região: Alentejo
Produtor: Roquevale
Enólogo: Joana Roque do Vale
Graduação: 12,5%
Onde comprar: RM Express e DLP
Preço médio: R$ 25,00
Temperatura de serviço: 12º
 
Terras de Xisto Rosé 2009
 
Vinho de cor vermelho cereja. No nariz também msotrou aromas frescos e de fruta vermelha (cereja) em boa intensidade. Em boca apresentou boa acidez, corpo médio e bom equilíbrio.
 
O Rótulo

 
Vinho: Terras de Xisto
Tipo: Rosé
Casta: Tinta Roriz, Castelão
Safra: 2009
País: Portugal
Região: Alentejo
Produtor: Roquevale
Enólogo: Joana Roque do Vale
Graduação: 13%
Onde comprar: RM Express
Preço médio: R$ 25,00
Temperatura de serviço: 12º
 
 
 
Convento da Serra Tinto 2010
 
Vinho de cor rubi intensa e brilhante com presença de poucas lágrimas, finas e lentas. No nariz mostrou aromas de fruta vermelha em média intensidade. Em boca mostrou taninos suaves e redondos, em bom equilíbrio com a acidez e o álcool. Final de corpo de média intensidade com a fruta aparecendo no retrogosto.
 
O Rótulo

 
Vinho: Convento da Serra
Tipo: Tinta
Casta: Tinta Roriz, Castelão e Trincadeira
Safra: 2010
País: Portugal
Região: Alentejo
Produtor: Roquevale
Enólogo: Joana Roque do Vale
Graduação: 13%
Onde comprar: RM Express
Preço médio: R$ 25,00
Temperatura de serviço: 16º
 
 
 
 
 
Tinto da Talha 2009
 
Este vinho nos transporta na história. O seu nome é uma homenagem às técnicas de vinificação utilizadas pelos romanos há 2000 anos atrás no Alentejo. É um vinho com maior requinte e mais trabalhado e recebeu melha de bronze da Decanter e de prata no Concurso Nacional de Vinhos.
 
Visualmente mostrou cor rubi intensa e fechada, com lágrimas finas e rápidas em grande quantidade. No nariz muito intenso, com toques florais e de fruta em compota. Em boca mostrou taninos potentes, mas macios e redondos, bom equilíbrio. Final de boca muito intenso e agradável, com um gole pedindo outro.
 

O Rótulo

 
Vinho: Tinto da Talha
Tipo: Tinto
Casta: Castelão e Trincadeira
Safra: 2009
País: Portugal
Região: Alentejo
Produtor: Roquevale
Enólogo: Joana Roque do Vale
Graduação: 13,5%
Onde comprar: ?
Preço médio: ?
Temperatura de serviço: 16º
 
 
Roquevale Reserva Tinto Reserva 2005
 
Esse é o vinho Top da Roquevale; estagiou 6 meses em barricas de carvalho francês e americano e inúmeros prêmios dentre eles: Challenge International du Vin 2011 – GOLD Medal, Concours Mondiale de Bruxelles 2011 – Medaille OR, Internacional Wine Guide 2011 - Silver Medal, International Wine Challenge 2009 - Silver Medal, Concours Mondial de Bruxelles 2009 - Silver Medal, Vinalies Internationales 2009 - Vinalies d'Argent, Wine Master Challenge 2009 - Bronze Vine Leaf, Challenge International du Vin 2009 - Médaille d'Argent.
 
Visualmente mostrou uma cor rubi granada com uma verdadeira chuva de lágrimas finas e rápidas. No nariz primorosos, com notas de café, fruta vermelha madura, tostado e toques de couro, com a fruta em bom equilíbrio com a madeira. Em boca muito intenso e estruturado, com taninos potentes e em bom equilíbrio com álcool e acidez. Final de corpo persistente e com bom potencial de guarda.
 
O Rótulo

 
Vinho: Roquevale Reserva
Tipo: Tinto
Casta: Tinta Caiada, Touriga Nacional e Alicante Bouschet
Safra: 2005
País: Portugal
Região: Alentejo
Produtor: Roquevale
Enólogo: Joana Roque do Vale
Graduação: 13,5%
Onde comprar: ?
Preço médio: ?
Temperatura de serviço: 16º

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Como remover manchas de vinhos de tecidos

Por Khátia Martins

Saber como tirar manchas de vinho de tecidos é um conhecimento necessário, principalmente em época de fim de ano, quando as chances de você ou um amigo, sem querer, derramar vinho na sua roupa ou na toalha de mesa triplicam.
 
Uma maneira eficaz de diminuir os riscos de incidentes desse tipo e até mesmo o desperdício é utilizar o corta-gotas. Um acessório simples que ajuda a servir o vinho com praticidade e elegância.
 
Mas ainda assim, imprevistos acontecem e podem acabar com a sua festa. Para evitar que isso ocorra preparei uma seleção de dicas simples e práticas para ajudar a tirar as manchas sem deixar nenhuma marca no tecido.
 
Vale destacar que para a limpeza ser um sucesso é importante agir com rapidez e, de preferência, antes da bebida secar. Confira!
 
Leite
 
Mergulhe a roupa em uma panela com leite e ferva a mistura. Após ferver, deixe-a de molho até que a mancha suma. Antes de tentar remover a marca, o ideal é colocar um pouco de leite em alguma área, pouco visível, do tecido. Se manchar ou desbotar tente outro método.
 
Vinho Branco
 
Ao derramar vinho tinto no tecido, use vinho branco na mancha. O ideal é retirar o excesso do líquido com guardanapo e esfregar o vinho branco por cima. Se puder, em seguida, lave a peça com água e sabão, contudo, caso não possa fazer isso no momento, retire o excesso de vinho branco com o guardanapo, enquanto a mancha some.
 
 
 
 
Limão e Sal
 
Neste método, assim que o vinho for derramado, coloque bastante sal e suco de limão na marca. Aguarde enquanto a mistura age no tecido, o que pode levar de trinta minutos à uma hora, até que a mancha seja completamente retirada. Depois esfregue e lave com água e sabão. Se a roupa for branca, coloque no sol para secar, porém, se for colorida deixe em algum local na sombra. Quando terminar é importante lavar bem as mãos para evitar manchar a pele.
 
 
 
 
Gelo
 
Outro método de retirada de manchas de vinho, porém, bem mais simples, é o gelo. Passe-o no local imediatamente, ele irá evitar que o tecido absorva o vinho tinto e crie uma marca horrível.
 
Pronto! Com essas dicas simples você poderá utilizar o que estiver disponível no momento para minimizar o constrangimento e aproveitar a festa numa boa.
 
Fonte: Wine.com

Passeio Enológico por Portugal: Quinta do Passadouro

Situada em pleno vale do rio Pinhão perto da aldeia de Vale de Mendiz, a origem da Quinta do Passadouro remonta ao Séc XVIII, surgindo referenciada no célebre mapa do Douro elaborado pelo Barão de Forrester. Em 1991, Dieter Bohrmann, um empresário alemão apaixonado pelo Douro, decidiu comprá-la. Ele acreditava que com as uvas de alta qualidade do Douro, era possível não só produzir Vinho do Porto, mas também vinhos de mesa de gama alta. A sua idéia consistia em reservar alguns dos melhores lotes da produção com o objetivo de criar um vinho tinto de qualidade premium, como expressão máxima do que este terroir é capaz de oferecer.
 
Desta vinícola degustamos apenas um rótulo: o Quinta do Passadouro Vintage 2007. O rótulo mostro uma cor rubi violácea, bem fechada e intensa. No nariz aromas florais e de fruta madura em orimeiro plano, seguidos de notas mentoladas e de tostado. Em boca taninos aveludados, notas minerais e de frutos secos (amendoas e damasco). Vinho muito equilibrado e agradável.
 
O Rótulo
 
Vinho: Quinta do Passadouro Vintage
Tipo: Tinto
Casta: Tinta Barroca, Tinta Roriz, Touriga Nacional
Safra: 2007
País: Portugal
Região: Douro
Produtor: Quinta do Passadouro
Enólogo: Jorge Serodônio Borges
Graduação: 20%
Onde comprar: Adega Alentejana
Preço médio: ?
Temperatura de serviço: 12 - 14º

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O vinho do dia seguinte

Por Sílvia Mascella Rosa

O grão da uva vira suco, o suco vira vinho, o vinho vira vinagre. A natureza é mesmo assim. Desde a ação das leveduras que transformam o açúcar de cada grão de uva em álcool e gás carbônico, até a ação do oxigênio - que num período prolongado termina por transformá-lo (através da ação de uma bactéria) em ácido acético (vinagre) -, tudo é um processo absolutamente natural.
 
Mas existem algumas maneiras de preservar o vinho por mais tempo e elas começam já na vinícola, com rolhas de boa qualidade - nesse ponto as rolhas sintéticas levam vantagem sobre as de cortiça, pois eliminam quase totalmente o risco de contaminação - e a utilização do gás SO2, que é um conservante natural adicionado aos vinhos há centenas de anos.
 
 
GARRAFA ABERTA
 
Para nós consumidores, no entanto, o que interessa é como conservar aquela garrafa que foi aberta e não inteiramente bebida, para que o processo natural de oxidação não estrague o vinho entre um consumo e outro.
 
Antes de mais nada, é possível dizer que uma parte dos vinhos de consumo mais fácil (vinhos mais jovens, com menos madeira, em geral varietais do Novo Mundo) podem suportar até um dia na porta da geladeira com a mesma rolha que foi tirada dele, sem praticamente nenhum problema, uma vez que a baixa temperatura desacelera o processo de oxidação e impede que a bactéria acética se desenvolva.
 
Já os vinhos que têm mais estrutura, mais corpo, amadurecimento em madeira e muitas vezes mais idade, esses sim necessitam de cuidados. O mesmo se pode dizer dos brancos e espumantes, ainda mais delicados.
 
Para conservar melhor todos os vinhos (mesmo os jovens) e não correr riscos desnecessários, é essencial ter um equipamento que é hoje, felizmente, muito fácil de encontrar. Conhecido como "salva-vinho" ou "vacuvin", é composto por um jogo de rolhas de borracha e uma bomba que, quando encaixada na rolha, opera por sucção retirando o ar que ocupou o espaço vazio na garrafa.
 
Dessa forma o, processo de oxidação é mais lento - não é possível pará-lo completamente - e o vinho poderá ficar na porta de sua geladeira por alguns dias (dois dias ao menos para os brancos e até quatro dias para a maioria dos tintos).
 
Os espumantes, no entanto, precisam de um processo diferente, pois o gás carbônico formado durante a segunda fermentação precisa ser preservado na garrafa, para que o líquido mantenha sua vivacidade. Assim, a bomba de sucção não é usada, mas sim uma rolha de metal com proteção de silicone, capaz de manter e suportar a pressão desse vinho. Com o uso correto dessa rolha, o espumante pode permanecer na geladeira por mais dois dias, pelo menos - embora para os bons bebedores seja quase impossível pensar que um espumante possa ser aberto e não bebido totalmente.
 
UMA OUTRA DEGUSTAÇÃO
 
A garrafa aberta e corretamente conservada não deve desanimar ninguém. Deve - bem ao contrário - ser transformada em um exercício de percepção, pois a ação do oxigênio nos vinhos nem sempre leva o produto ao seu declínio final. Por vezes (o degustador aprende a apreciar isso), um vinho que em uma primeira prova não estava tão agradável, no dia seguinte pode ter se transformado em um produto bem mais interessante, seja pela oxigenação, seja pela mudança natural de nosso paladar. Óbvio que o contrário também pode ocorrer, principalmente com os vinhos mais velhos, cuja estrutura química já se encontra mais fragilizada e o oxigênio só vai apressar um processo que já vinha ocorrendo há anos.
 
No entanto, o mais provável é que a grande maioria dos vinhos fique ligeiramente diferente depois de abertos, mas não intragáveis a ponto de serem transformados em molho de salada. Os taninos podem dar uma amaciada, o álcool e a cor podem decair ligeiramente, mas sem prejudicar o conjunto, até mesmo em alguns vinhos brancos.
 
Como nenhum processo é absolutamente seguro, depois que a garrafa foi aberta, o vinho do dia seguinte não será igual ao de hoje. Alguns críticos da bomba de vácuo dizem que o ar retirado da garrafa também altera os compostos voláteis e, por isso, diminui o aroma dos vinhos. Então, para não correr esse risco, pode-se usar garrafas de 375ml pré-esterilizadas para colocar o vinho que sobrou e então usar a rolha original. Assim, diminui-se o contato da superfície do líquido com o ar. Esse processo, no entanto, praticamente equivale a uma decantação, pois o líquido foi movimentado e todo passado em contato com o ar enquanto saia de uma garrafa e entrava na outra, o que seria também um processo de oxigenação.
 
Nos restaurantes que trabalham com muitos vinhos servidos em taças (infelizmente ainda são raros no Brasil), a conservação é feita em aparelhos específicos - servidoras de vinho - que não permitem a entrada de ar na garrafa já aberta ou, em alguns casos, injetam uma pequena quantidade de nitrogênio e dióxido de carbono, preservando o líquido. Claro que essas soluções não podem ser adotadas em casa, uma vez que esses equipamentos ainda são grandes e caros, feitos especificamente para lugares que movimentam muitas garrafas.
 
Porém, no exterior, já estão à venda latas - que parecem com as de desodorante - com um gás mais pesado do que o ar, que ocupa a parte superior da garrafa, impedindo o contato do oxigênio.
 
Em nossas casas o mais importante é: depois de comprar, deixar a garrafa descansar ao menos um dia antes de ser aberta, abrir o vinho na temperatura correta, beber com prazer e moderação, guardar na porta da geladeira o que restou na garrafa depois de tirar o ar com a bomba e, no outro dia, tirar a garrafa da geladeira ao menos meia hora antes de consumir (para os tintos) e provar seu vinho com renovado prazer.
 
Fonte: Revista Adega

É importante ter uma adega?

Por Sérgio Cardoso

Esta é provavelmente a pergunta que todo apreciador do vinho já se fez alguma vez. A resposta vai depender do perfil de consumidor de vinho que cada um desenvolve.

Quando alguém começa a se interessar pela bebida, pode permanecer simplesmente como um consumidor imediato, aquele que tem poucas garrafas em casa, normalmente não se aprofunda muito nos conhecimentos sobre o vinho mas gosta de beber boas garrafas e pensa que pode achá-las no mercado, a todo o momento. Este não é o perfil de quem precisaria de uma adega em casa.

Mas, se você começa a se interessar por mais conhecimento, gosta de experimentar vinhos diversos, aproveitar boas oportunidades de compras e acompanhar a evolução de um vinho, aí sim, é imprescindível que você tenha uma adega. E quando você resolve que é fundamental ter a adega, chega a hora de definir quantas garrafas ela deve conter.

Por experiência própria, posso afirmar que uma adega pequena não resolve o problema. A conclusão é que, quanto maior a adega, mais vinhos conseguimos colocar dentro dela, e se pode ter certeza que ela estará sempre cheia, atendendo assim a todas as nossas expectativas.

Você pode ter uma adega pensando no vinho como investimento financeiro. Os bons vinhos, quando bem comprados, costumam valorizar bem mais que outros ativos, mas para isso é preciso paciência e disciplina para não beber e nem estragar o investimento. Ou se pode simplesmente querer ter essas boas garrafas à sua disposição simplesmente para seu prazer.

Pois bem, seja qual for seu motivo, possuindo ou não uma adega, com as garrafas bem guardadas em adegas apropriadas ou mesmo num canto da casa, é importante que você não esqueça quanto tempo este vinho já está com você e quanto tempo ele ainda estará bom para ser bebido.

É fundamental que você tenha total controle sobre as garrafas, tendo que saber quais são os vinhos que possui, suas quantidades, quanto tempo pode guardar cada um e nunca esquecer a hora de bebê-lo para não ter a decepção de, ao abrir a garrafa, verificar que ele já pode estar decadente ou estragado.
 
Fonte: Adegas & Vinhos

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Santa Helena Reservado Merlot 2010

Os vinhos da vinícola chilena Santa Helena estão sem sombra de dúvida entre os mais vendidos no Brasil, sobretudo os das linhas mais básicas, em virtude de quanto o brasileiro está pronto para gastar em um vinho.
 
Os rótulos da linha reservado são os mais simples da vinícola e assim sendo não espere nada mais que vinhos corretos e fáceis de beber; bons para que está iniciando no mundo dos vinhos.
 
Visualmente mostrou uma cor rubi intensa, com poucas lágrimas, grossas e lentas. No nariz notas de fruta e leve adociacado. Em boca repete a fruta e discreto toque mentolado. Taninos suaves e acidez discreta. Final de corpo discreto com final de boca levemente adocicado. Vinho simples e pronto para beber.
 
O vinho me foi presenteado por um paciente e cai bem com uma comidinha simples (uma pizza, um pão italiano com geléia...).
 
O Rótulo
 
Vinho: Santa Helena Reservado
Tipo: Tinto
Casta: Merlot
Safra: 2010
País: Chile
Região: Vale Central (Colchagua)
Produtor: Santa Helena
Graduação: 12,5%
Onde comprar: RM Express, DLP
Preço médio: R$ 15,00
Temperatura de serviço: 16 - 18º

sábado, 22 de dezembro de 2012

Tintos de Verão

Apesar de ser falso o mito de que vinhos tintos não são apropriados para o Verão, alguns cuidados devem ser tomados ao escolher o melhor.

Por Euclides Penedo Borges

Ainda que as temperaturas ambientais elevadas possam influenciar o desejo de beber vinhos, os comentários de que os tintos não são adequados para o Verão não procedem e os argumentos usados em tais comentários não têm sustentação. Tratando-se, entretanto, de uma bebida alcoólica à qual não se deve adicionar gelo, pois isso lhe altera a essência, a degustação de vinhos tintos nas épocas mais quentes do ano merece algumas considerações e certo enquadramento. Algumas orientações quanto à escolha e à degustação de um "tinto de Verão" devem ser consideradas, sendo que um dos seus atributos pode ser destacado de imediato: deve ser apropriado para ser bebido frio, diferentemente dos tintos encorpados e taninosos.
 
Assim sendo, com referência a tipo e estilo, a preferência deve ser para os chamados tintos jovens, prontos para o consumo dentro de dois a quatro anos após a safra, não mais que cinco, elaborados usualmente com uvas internacionais menos estruturadas como a Cabernet Franc, a Gamay, a Pinot Noir, alguns Merlots fora de Bordeaux, além de variedades regionais tintas mais leves: Bonarda, Barbera, Trincadeira...
 
No que diz respeito às sensações, eles devem agradar pelo brilho de sua cor rubi, por seus aromas florais, frutados e de vegetais frescos, pela acidez, e conseqüente frescor, ainda marcante, com um fim de boca francamente frutado. Corpo, teor alcoólico e tanicidade devem ser apenas moderados.
 
Considere-se em seguida a temperatura de serviço. Mesmo que você seja cético em relação à maneira de degustar dos enófilos, atente pelo menos para a temperatura de serviço. Servir um tinto muito quente é um meio garantido para se dar mal com um bom exemplar, arruinado pela causticidade do álcool. Muito frios, os tintos apresentam-se sem aromas e, anestesiadas as papilas, quase sem sabor. No caso dos vinhos de verão, o serviço deve ser próximo de 14ºC e, se há dificuldades de controle da temperatura, é melhor exagerar no resfriamento pois o vinho aquece rápido e, se for necessário aquecê-lo mais um pouco, basta envolver o corpo do copo com as mãos.
 
Quanto mais leve e menos taninoso for o vinho - e diversos vinhos modernos são pouco taninosos - mais fresco deve ser servido. Um Beaujolais comum, por exemplo, tinto de verão por excelência, poderia ser servido entre 12 e 14ºC, pouco mais que um branco. Finalmente, lembremos que os tintos de verão são indispensáveis quando se trata de acompanhar adequadamente a comida, em especial embutidos, presuntos, carnes frias como rosbife, massas e queijos simples e pouco gordurosos como pede o Verão.
 
Fonte: Revista Adega

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

As histórias por trás do tradicional "tin-tin"

O tradicional "tin-tin" é universal, histórico e pronunciado em todos os idiomas. Conheça suas curiosidades, levante a taça e saúde!
Por Marcelo Copello*
 
 
A intolerância entre os povos, agravada por barreiras culturais, tem na mesa seu mais antigo e eficiente campo de entendimento e aproximação. E nela as bebidas cumprem papel fundamental. Historicamente gregá-rias, são responsáveis pela união entre os homens. Da missa aos bares, ao elevar dos copos a comunhão se estabelece.
 
Como na máxima anônima: "as águas separam os povos do mundo, o vinho os une." E o momento síntese desta comunhão é o momento do brinde, quando, após algumas palavras de louvor, bebe-se à saúde de alguém, como voto de êxito ou em comemoração a algum acontecimento .
 
O brinde teria se originado na Antigüidade durante os acordos de paz entre impérios belingerantes. O mediador do acordo deveria se levantar, proclamar a conclusão do mesmo e tomar o primeiro gole de bebida (normalmente vinho) para mostrar que esta não estava envenenada, demonstrando assim, a boa vontade entre as partes.
 
O caráter místico que nosso fermentado teve desde os primórdios, quando lhe eram atribuídos poderes transcendentes, levava muitos homens a dedicarem goles desta poção mágica à saúde dos amigos ou ao êxito dos combates. Celtas e gauleses, por exemplo, punham a circular um vaso cheio de vinho, de mão em mão, bebendo-se à pessoa que se queria honrar. Cada conviva dizia, olhando-a: "a ti bebo".
 
O ato do brinde com toque de copos nasceu, segundo Alfredo Saramago, em seu livro "O vinho do Porto na Cozinha", em uma época em que se utilizavam recipientes de metal ou vidro fosco, que não deixava que se visse a quantidade de vinho que tinha sido servida. "Para que não houvesse enganos, durante as saúdes os copos deviam se tocar para os dois oficiantes da saúde saberem que o copo que tocavam estava tão cheio como o seu. Tratava-se de uma oferenda e ao mesmo tempo de um gesto de delicadeza, para que ninguém ficasse mal servido". Também se elevava, como ainda hoje, o copo à altura do coração, ou da fronte, para imprimir mais intensidade ao bonito gesto do brinde.
 
Existe uma outra versão, esta mais poética, para o ato de tilintar as taças ao brindar-se. Dionísio, o deus grego do vinho e da fertilidade, teria iniciado a prática de fazer som percutindo as taças umas nas outras para tornar completa a experiência sensorial de degustar-se um vinho. Essa, até então, só evocava quatro dos cinco sentidos: visão, olfato, tato (na boca) e paladar. A audição estava ausente.
 
O primeiro registro da palavra "brinde" na língua portuguesa data de 1651, no livro "História Universal dos Impérios, Monarchias, Reyno & Províncias do mundo" do padre Manoel dos Anjos. Sua origem etimológica seria alemã, vindo da expressão "ich bring dir's", algo como "bebo por ti". Algumas fontes atribuem, ainda, a origem desta palavra à cidade de Brindisi, no sul da Itália.
 
Apesar de sua origem ancestral, o ato de brindar só se popularizou no século XVI quando começou a virar moda na Inglaterra. Em inglês, a tradução de brinde é "toast" (torrada) e deriva do costume de colocar pão torrado num cálice para dar-lhe sabor de vinho. Quando bebia-se à saúde de alguém, era preciso esgotar o cálice para então chegar a torrada embebida.
 
Desde então, brindar passou a fazer parte da tradição cultural de todos os povos. Criar frases de efeito, que vão de cômicas à poéticas, transformou-se em arte. Podem-se homenagear pessoas, ocasiões etc., mas são feitos principalmente em ode à bebida e à vida. Normalmente os brindes, não por acaso, começam no final da refeição, depois do prato principal ou da sobremesa, momento em que estamos em paz com nossos estômagos e com a língua mais solta. Segue uma ritualística: pode-se chamar a atenção dos convidados batendo com um talher na taça ou copo, diz-se o brinde, que pode ser apenas o clássico "saúde". Só depois bebe-se. No entanto, todos devem beber, de preferência bebidas alcoólicas. Bate-se levemente com o copo no copo de cada um dos bebedores, olhando-os, olhos nos olhos, mesmo que à distância.
 
Brindes já fazem parte até da mais tradicional etiqueta, como "O Livro de Etiqueta de Amy Vanderbilt", onde a autora americana chega a oferecer ao leitor uma prática lista de brindes em diversos idiomas, que aqui cito e comento:
 
Os franceses dizem "santé" ou "salut", o que já deixa a boca no formato ideal para receber pequenas quantidades de bebida. Os espanhós erguem suas taças dizendo "salud", enquanto os italianos gesticulam ao som de "salute". O universal "tin-tin", ou "chin-chin", não é apenas uma onomatopéia para os chineses. Lá "chin" significa "felicidade", e "chin-chin", "muita felicidade". Não confunda: em japonês o brinde é outro, diz-se "kampai", que quer dizer "copo vazio".
 
Alemães dizem "prosit" se a ocasião for informal, e "zum wohl" se for a sério. Para os holandeses, um "proost" fará o serviço. Os russos dizem, sem enrolar a língua, "na zdorov", ou "felicidade", semelhantes aos poloneses e búlgaros que gastam menos letras para dizer "na zdrve". Entre os árabes que bebem diz-se baixinho "fi sihitaek". Em ídiche, toda a família diz junta "l´chayim!", "à vida". Na língua de Platão, pode-se dizer "steniyasas", "à saúde".
 
O mais curioso, contudo, vem dos nórdicos da Suécia, Dinamarca e Noruega. Ao levantar suas taças, dizem "skäl", que significa singelamente "caveira". A origem vem do costume Viking de beber cerveja nos crânios de seus inimigos, esvaziados e limpos como se fossem canecas.
 
Enaltecer a bebida ou as circunstâncias de seu consumo faz parte de um ritual de comunhão que todo bebedor conhece. Aguça o paladar dos presentes, torna as qualidades do líquido ainda mais extraordinárias, e transforma cada ocasião em um evento único e especial.
*Trecho do livro "Vinho & Algo Mais" de Marcelo Copello (Ed. Record, 2004)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Diga-me que vinho bebes e ti direi quem és

Um estudo feito pelo French Wine With Style mostrou que a escolha do vinho pode mostrar a personalidade do consumidor. Segundo a pesquisa, consumidores de vinhos brancos, tintos e rosé têm personalidades muito diferentes.
 
"Bebedores de vinho tinto são mais descontraidos em relação aos outros fãs de vinho. Enquanto os fãs de rosés são gostam de mudança", disse Gerard Basset, porta-voz da empresa.
 
O estudo descobriu que os consumidores de tinto são, em sua maioria, formados, casados, bebem com mais frequencia, e gostam de se descrever como confiantes, fortes e inteligentes. Os fãs de vinho branco são mais ligados a posição no trabalho, tem interesse em subir na carreira e se classificam como práticos, brilhantes, tímidos quietos. Os consumidores de rosé se acham mais barulhentos, calorosos e charmosos.
 
Os resultados também mostraram que existem diferenças entre a renda de cada tipo de consumidor: os de vinho tinto ganham aproximadamente entre 64 e 72 mil dólares por ano, o vinho branco entre 40 e 48 mil dólares e rosé cerca de 48 mil.
 
Fonte: Revista Adega

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Da Pirazina ao Pimentão

Quais os aromas  formam os complexos aromas do vinho?

Por Gustavo Molina


Você já parou para se perguntar o que seria de um vinho sem seus aromas? Impossível, não? Isso porque o consumo dos alimentos e bebidas está diretamente relacionado ao estímulo dos sentidos humanos e, por isso, o aroma torna-se um atributo tão importante.
 
Como característica comum, os compostos de aroma são moléculas de baixo peso molecular (em geral menores que 400 daltons) e, mesmo que presentes em pequenas concentrações, são capazes de estimular as células receptoras do epitélio olfatório, localizadas na cavidade nasal.
 
Os compostos de aroma que são inalados e veiculados com o ar sensibilizam cílios específicos dos neurônios, que se estendem desde o bulbo olfativo até a mucosa. Esses neurônios transmitem todo o sinal recebido e as informações são levadas ao cérebro, que processa os estímulos e os transforma em sensações.
 
Dessa forma, uma conexão direta entre cérebro e receptores olfativos é criada, fazendo com que cada vez que sintamos um aroma esses sinais olfatoriais sejam traduzidos como um odor particular. Daí vem a capacidade, em maior ou menor escala, dos especialistas e amadores em descrever os aromas do vinho das formas mais inusitadas possíveis, sendo que as analogias são feitas com base no nosso histórico de conhecimento e associação.
 
Se já é difícil identificar um composto isolado, a tarefa torna-se ainda mais complexa quando pensamos no vinho, que chega a ter mais de 500 compostos voláteis que, juntos, são responsáveis pela formação do seu aroma característico. Quando diversos compostos de aroma estão presentes ao mesmo tempo na cavidade olfativa, o resultado da percepção global é diferente da soma da percepção de cada um dos compostos isolados. Dessa forma, a tarefa de descrever seus aromas é tão subjetiva quanto o próprio prazer de se gostar de vinho.
 
 

Primários, secundários, terciários:o que são?

A sensação de um aroma é desencadeada por uma mistura complexa de moléculas de diversas classes químicas, como hidrocarbonetos, terpenos, álcoois, cetonas e os ésteres (talvez os mais presentes), dentre outros. Essa grande diversidade de compostos de aromas, que reflete diretamente na sua complexidade, pode ser subdividida de três formas: aromas primários, secundários e terciários.
 
Os aromas primários são caracterizados por compostos naturalmente encontrados nas uvas e que se mantiveram presentes durante o processo de vinificação. Enquanto isso, os aromas secundários são gerados principalmente durante a fermentação, quando se forma, qualitativa e quantitativamente, o maior número dos compostos voláteis presentes no vinho. Já os aromas terciários são gerados durante a maturação ou envelhecimento, seja no barril, tanque ou mesmo na garrafa, após a etapa de vinificação.

Os aromas primários são caracterizados por compostos naturalmente encontrados nas uvas e que se mantiveram presentes durante o processo de vinificação

A classe dos aromas secundários também inclui os compostos gerados nos estágios pré-fermentação como, por exemplo, no esmagamento das uvas, quando se originam diversos compostos, como alguns aldeídos e terpenos, capazes de resistir à vinificação e colaborar com o perfil aromático do produto final. Enquanto isso, a combinação entre os aromas secundários e terciários é o que traz as alterações mais marcantes para o perfil aromático da bebida, tornando-a muito distinta de quando comparada ao aroma das uvas e do mosto inicial.
 
No entanto, certos vinhos podem ser caracterizados pelo perfil de seus aromas primários. Nesses casos, uma das classes de aromas mais importantes é a dos terpenos, predominantes na variedade de uva Muscat e ainda presentes em concentrações variadas em diversas cepas como, por exemplo, na Riesling.
 
Todos os compostos originados por essas rotas têm funções químicas variadas e estão presentes em diferentes concentrações no vinho, o que reflete diretamente na intensidade e complexidade do seu perfil aromático. Para se conhecer um pouco sobre os compostos químicos que estão por trás dos tão falados aromas de frutas, madeira, couro, baunilha, e até mesmo dos aromas desagradáveis, apresentamos, a seguir, algumas informações e exemplos sobre as principais classes de compostos de aromas encontradas nos vinhos.
 
Ésteres

Os ésteres são muito importantes para o buquê do vinho e, geralmente, são compostos de aromas secundários decorrentes da fermentação ou, por vezes, aromas terciários formados por rearranjos entre ácidos e álcoois durante o envelhecimento do vinho.
 
Em geral, esses compostos são muito reconhecidos e associados aos aromas de frutas encontrados no vinho, especialmente importantes para as bebidas mais jovens. Os ésteres de estrutura menos complexa estão associados aos aromas de frutas tropicais, como banana, abacaxi, e ainda ao de maçã, pêra e maracujá (como, por exemplo, o acetato de etila e o hexanoato de etila), enquanto os homólogos superiores e de estruturas maiores tendem a aromas de cerosos e oleosos.
 
Outros compostos como o benzoato de etila, acetato de isoamila e acetato de hexila, também apresentam características importantes para os aromas frutados.
 
Aldeídos
Os aldeídos estão naturalmente presentes nas uvas e, durante o processo de vinificação, são convertidos em álcoois correspondentes (que, por sua vez, também terão influência nos aromas do vinho). Um dos exemplos é o hexanal e outros aldeídos mais complexos, que podem estar presentes nas uvas e, durante a fermentação, também são transformados em álcoois.
 
Um dos aldeídos remanescentes no vinho é o acetaldeído (que pode dar origem aos acetais que, por sua vez, também colaboram com a fração volátil). Entretanto, apenas o acetaldeído na forma livre colabora com os aromas de um vinho e, como todo aroma, em elevadas concentrações não é positivo. Outro aldeído encontrado na forma livre é o octanal, encontrado em diversos vinhos da uva Cabernet Sauvignon.
 
Os aldeídos mais importantes são originados durante o envelhecimento dos vinhos em carvalho, dentre eles estão a vanilina e o cinamaldeído. A vanilina tem aroma de baunilha característico e é frequentemente reconhecida, enquanto o cinamaldeído é responsável pelos toques de canela e especiarias encontrados em vinhos envelhecidos. Enquanto isso, outro aldeído, o benzaldeído (aroma de amêndoas amargas), apesar de ser considerado um defeito em muitos vinhos, é característico de certas uvas, como a Gamay.
 
O VINHO TEM AROMA DE UVA?
 
Alguma vez você se perguntou o porquê de os vinhos possuírem os aromas mais inusitados, como pimentão-verde, couro, e principalmente de frutas que vão de "A a Z", mas não o aroma de uva propriamente dito? O aroma característico de algumas variedades de uvas é o composto químico conhecido por Antranilato de metila. Entretanto, esse composto é encontrado em alguns vinhos em concentrações abaixo do seu limite de detecção. Exatamente por isso que o aroma do vinho não é de uva em si, mas sim dos compostos voláteis que estão em sua composição (os primários) e todos os outros formados ao longo do processo de vinificação (secundários e terciários), justificando a grande diversidade de descritores que recebem.
 
Álcoois

Os álcoois, em condições apropriadas, exercem uma função aromática importante em alguns vinhos, enquanto que, em excesso, podem conferir notas pungentes e desagradáveis. O hexanol, por exemplo, pode conferir o aroma de grama e folhas verdes encontrados em alguns vinhos, em baixas concentrações. Outro exemplo importante de álcool é o 1-octen-3-ol, formado principalmente nos vinhos "botrytizados" e com um aroma particular e semelhante ao de cogumelos.
 
Cetonas

Um importante composto dessa classe é o diacetil, que pode produzir um odor doce e levemente amanteigado, positivo em muitos vinhos brancos envelhecidos em carvalho, mas negativo quando encontrado em elevadas concentrações. Enquanto isso, a acetoína tem um odor ligeiramente similar ao de produtos lácteos fermentados e pode ser encontrada em alguns vinhos envelhecidos em carvalho.
 
Apesar de as cetonas mais simples, presentes ou formadas durante a fermentação, não terem muito impacto no perfil aromático dos vinhos, as mais complexas podem exercer uma grande influência.
 
A β-damascenona, por exemplo, possui um odor descrito como semelhante ao de rosas e, apesar de contribuir consideravelmente para o aroma de vinhos feitos com a variedade Chardonnay, também pode estar presente em diversos outros tipos com menor impacto. De forma semelhante, os compostos α- e β-iononas são comumente encontrados em vinhos de uvas Riesling, descrevendo notas semelhantes ao aroma de violetas e florais.
 
Terpenos

Os terpenos (e seus derivados, terpenoides) são amplamente distribuídos na natureza e ocorrem de forma variada em diversas uvas e, como têm a capacidade de resistir ao longo do processo de fermentação, podem ser considerados como aromas primários.
 
Essas substâncias complexas tendem a possuir odores florais. O linalol, por exemplo, pode conferir notas que variam desde florais até amadeiradas, sendo um dos terpenos mais encontrados em vinhos. Outros compostos importantes são o geraniol e citronelol (com notas semelhantes ao de rosa), limoneno, α-terpineol, nerol e outros.
 
Lactonas e furanonas

As lactonas mais importantes para os aromas do vinho são formadas durante o seu envelhecimento em barris de carvalho. Mais de 20 lactonas já foram reportadas no vinho. Enquanto algumas estão naturalmente presentes em algumas variedades de uvas, como a Riesling, Mourvèdre, Syrah, Muscat e Merlot, a maioria foi formada por meio da fermentação.
 
Alguns compostos presentes nessa classe, como o furaneol, estão relacionados com impressões aromáticas que variam desde frutas ao caramelo. As lactonas de carvalho, muito características em vinhos envelhecidos, colaboram com notas de especiarias e até mesmo tostadas.
 
VINHO: DOS AROMAS AO BUQUÊ

Embora não haja consenso, muitas referências técnicas empregam o termo "aroma" para descrever o cheiro do vinho que é derivado das uvas (aromas primários). Esse aroma específico da uva pode ser mais bem caracterizado em vinhos jovens e varietais, como os reconhecidos aromas de lichia em vinhos da variedade Gewürztraminer ou groselha e ameixa com Cabernet Sauvignon. Enquanto isso, o termo "buquê" tende a se referir ao cheiro do vinho formado como parte do seu desenvolvimento durante a fermentação e maturação. Durante a fermentação, a quantidade de compostos químicos produzidos aumenta e se diversifica significativamente, chegando a ser considerada por muitos como a "fábrica" dos aromas da bebida e muito importante para o seu buquê final. Não obstante, a maturação pode ser crucial para muitos vinhos, de acordo com o interesse e as características que se deseja agregar/modificar no produto, pois nessa etapa os aromas formados são mais complexos. Durante o envelhecimento, as reações químicas entre ácidos, açúcares, álcoois e compostos fenólicos podem resultar em novos compostos de aroma que são importantes para o buquê de muitos vinhos, como o toque de mel de um Sauternes envelhecido ou as famosas trufas de um Pinot Noir.
 
Pirazinas

As pirazinas são compostos de aroma muito potentes e estão presentes em muitos vegetais. A sua presença é muito importante para alguns vinhos feitos com as variedades Sauvignon Blanc e Cabernet Franc, por exemplo, mas não são bem-vindas na maioria dos vinhos tintos. Em geral, essa classe recebe descritores de aromas como "verde", "terroso" e outros. Um exemplo reconhecido é o composto 2-metoxi-3-isobutil pirazina, com um aroma característico de pimentão-verde.
 
Deve-se observar a importância da concentração em que os compostos de aroma são encontrados no vinho, pois, como são moléculas potentes, ainda que seja um aroma agradável e importante na concentração adequada, quando presente em níveis elevados também poderá ser considerado um aroma desagradável.
 
Se você já ouviu aquele descritor bizarro que garantia que o vinho estava com aroma de urina de gato, isso está relacionado a presença do composto 4-mercapto- 4-metil-2-pentanona em altas concentrações, que, quando presente em concentrações apropriadas, pode ser um dos aromas importantes de vinhos derivados da variedade Cabernet Sauvignon.
 
Fonte: Revista Adega