sábado, 18 de janeiro de 2014

Cariocas levam vinho para brindar o pôr do sol na praia

Foi-se o tempo em que cervejas reinavam absolutas na praia. De uma forma discreta, os vinhos vêm conquistando seu espaço nas areias do Rio, sobretudo entre os mais jovens. E para acompanhar? Basta um biscoito de polvilho.
 
Nas praias de Ipanema e do Leblon, uma cena comum são os grupos de mulheres com suas taças e garrafas para brindar o pôr do sol. Uma das adeptas da prática é a estilista Ana Lu Reis.
 
- Sempre me programo. Coloco meu vinho branco na geladeira pelo menos 12 horas antes. Levo um baldinho com gelo e taças de acrílico, para não correr o risco de quebrarem. Adoro encontrar minhas amigas na praia, bater papo e apreciar o pôr do sol carioca — diz Ana.
 
Ela faz uma comparação: se em Paris moradores e turistas levam suas bebidas para ver, dos jardins do Champ de Mars, as luzes da Torre Eiffel, na Zona Sul do Rio a programação do verão é aproveitar a praia com seu próprio vinho: - Prefiro os rótulos da região de Provence, na França. É um programa que todos devem fazer na praia pelo menos uma vez na vida.
 
A arquiteta Aline Araújo e a consultora de moda Júlia Melo têm opiniões semelhantes sobre a bebida.
 
Além de ser saborosa, ajuda a manter a forma e a saúde, dizem.
 
- Os vinhos são menos calóricos e não engordam como a cerveja. Os médicos sempre recomendam uma taça de vinho por dia, né? A bebida traz muitos benefícios para o corpo e ajuda a relaxar — diz Aline.
 
De acordo com a sommelière Deise Novakoski, os vinhos rosés, brancos e os espumantes refletem o espírito do carioca, que busca praticidade, sociabilidade e um certo glamour.  O vinho sempre deixa a conversa mais animada, e seus apreciadores gostam de falar sobre assuntos interessantes. O vinho não é para ficar bebendo garrafas e mais garrafas. É uma bebida limitante e que abre o apetite.
 
Deise pede ainda atenção especial aos aperitivos para acompanhar a bebida. Ela sugere biscoito salgado de polvilho Globo e sanduíche natural de ricota. É uma combinação bem carioca. Amêndoas, avelãs e castanhas de caju também são bem-vindas. Já os amendoins estão vetados completamente. Eles causam amargor na boca. Só combinam com cervejas — explica a sommelière, que não recomenda a colocação da bebida no freezer. O vinho não pode sofrer choques térmicos. Muito frio ou muito calor podem levar à perda do sabor original.
 
Além das mulheres, os homens também vêm optando pelos vinhos na areia. É o caso do advogado Bernardo Costa Souza: a bebida é muito boa para ser consumida ao longo do dia. Não dá vontade de ir ao banheiro com frequência, como é o caso da cerveja. Acaba sendo mais prático e até mais higiênico. Como não se vende vinho na praia, o jeito é levar de casa mesmo.
 
Num curso sobre vinhos, a médica Paula Soares aprendeu dicas valiosas. Ela observa que o ideal é usar produtos de safras recentes, já que, explica, a bebida fica mais leve. Paula sugere os vinhos que têm em sua composição uvas do tipo pinot noir e sauvignon blanc: — Esses tipos de uvas dão um toque de frescor ao vinho. São ideal para um lugar quente como a praia — sugere ela.
 
O comportamento dos cariocas é comprovado pela vinoteca Cavist. A empresária Janine Sad, sócia da empresa, afirma que a procura por vinhos gelados registrou alta de 100% nas últimas semanas: notamos que os consumidores com idades entre 35 e 50 anos querem aproveitar a praia com produtos de qualidade. As vendas de bebida gelada aumentaram muito e, por isso, investimos em embalagens especiais, como a ice bag, que mantém a temperatura — conta Janine, que também teve o estoque de dez mil taças de acrílico esgotado nos últimos 40 dias.
 
Segundo ela, a “cultura da cervejinha” está ficando para trás: os rótulos de vinhos brancos franceses acima de R$ 100 e os espumantes chilenos com uvas chardonnay por R$ 40 são os mais vendidos. Isso prova que a praia pode unir sofisticação e informalidade.
 
Fonte: O Globo

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