quarta-feira, 13 de maio de 2015

É um Château com mais de 150 anos de história, mas não é da França

Quanto mais você adentra no mundo do vinho mais curioso e ansioso por aprender e provar rótulos diferentes você fica. Campo para desbravar não falta: os países que produzem vinhos já ultrapassam a casa das nove dezenas e o número de diferente rótulos são da ordem dos milhares.
 
Pela taça do Vinhos de Minha Vida já passaram, por exemplo, vinhos de Israel e Grécia, áreas vitivinícolas pouco badaladas, porém com grande tradição na produção da bebida e que de certa forma não causam tanta estranheza a quem conhece um pouco sobre a bebida, pelo menos não tanto quanto um outro país situado em pleno Oriente Médio e com um grande histórico de conflitos.
 
O país em questão é o Líbano, uma das regiões de antigas civilizações, como fenícios, assírios, persas, gregos, bizantinos e turcos otomanos. Os primeiros indícios de civilização no Líbano remontam a mais de 7 000 anos de história registrada. O Líbano foi o local de origem dos fenícios, uma cultura marítima que floresceu durante quase 2 500 anos (3 000-539 a.C.). O Líbano estabeleceu um sistema político único em 1942, conhecido como confessionalismo, um mecanismo de partilha de poder com base em comunidades religiosas, modelos este criado quando os franceses expandiram as fronteiras do monte Líbano.
 
E a influência da França ecoa por boa parte do país, inclusive na área vitivinícola, tanto que a vinícola mais antiga do país, fundada 1857 por monges jesuítas, chama-se Château Ksara.
 
O Château Ksara não é apenas a vinícola mais antiga do Líbano  como também o maior produtor de vinhos do país, com 300 hectare de vinhedos e produção de mais de 2 milhões de garrafas por ano. A vinícola recebe mais de 40.000 visitantes por ano e possui como grande atração sua cave subterrânea, um complexo de 6 túneis, com mais de 2 km de extensão total, que acredita-se ter sido construído pelos romanos há 2000 anos atrás.
 
O Château Ksara está estabelecida  no Vale do Bekaa e desenvolveu o primeiro vinho seco no país. Atualmente é vinho mais popular do Líbano, mas devido à grande imigração de libaneses no mundo todo, pode ser encontrado e adquirido em muitos países diferentes, inclusive no Brasil.
 
Um dos rótulos mais tradicionais do Château libanês é o Reserve du Couvent, um corte das castas francesas Cabernet Sauvignon, Syrah e Cabernet Franc, com maturação de 12 meses, parte em carvalho e parte em tanques.
 
Visualmente o vinho apresentou cor rubi de média intensidade e lágrimas finas e lentas. No nariz mostrou aromas de fruta vermelha em compota, toque floral (violetas), notas herbáceas, pimenta, baunilha, leve toque de tostado e balsâmico. Em boca apresentou taninos intensos, porém já amaciados pelos 5 anos de vida, boa acidez e  álcool na medida certa. Final de boca seco e persistente com a fruta e o balsâmico aparecendo no retrogosto.
 
Vinho ainda jovem, apesar dos cinco anos de vida e de já estar pronto para ser bebido. Ainda tem algunas anos pela frente e ganhará complexidade com a guarda.
 
Por aqui eu e Fernanda harmonizamos como um Pernil Suíno.
 
 
O Rótulo

Vinho: Ksara Reserve Du Couvent
Tipo: Tinto
Castas: Cabernet Sauvignon, Syrah e Cabernet Franc
Safra: 2010
País: Líbano
Região: Vale do Beqaa
Produtor: Chateau Ksara
Enólogo(a): Rania Chammas
Graduação: 13%
Onde comprar: Wine
Preço médio: R$ 65,00
Temperatura de serviço: 16°

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