sábado, 31 de dezembro de 2011

Mais que uma última edição de 2011

Do novo ao velho e ao novo velho e ao novo e ao velho e ao novo novamente. Não é rima, nem poema, nem um jogo de palavras e muito menos um erro de ortografia, trata-se de uma viagem pelo mundo do vinho. Assim foi a última edição do Jantar de Harmonização de 2011 (a nossa quarta edição) e tudo não poderia ter acontecido em lugar diferente: a casa dos Confrades Juberlan e Rejane - onde tudo começou como uma brincadeira descompromissada - há quase quatro meses atrás, na Primeira Edição do Jantar de Harmonização.


Essa imagem acima mostra o passeio que fizemos durante a agradável noite de 28.12.2011. Iniciamos na Argentina, viajamos a Cotes du Rhône - França, nos dividimos na ponte aérea: uns foram ao Chile e outros a Portugal, depois nos encontramos no Vale do São Francisco - Brasil e daqui para Itália e de lá voltamos ao Chile, findando nossa viagem pelo mundo do vinho.

Primeiro porto: Mendoza - Argentina, é de lá que vem o primeiro rótulo da noite - o Latitute 33º Malbec, quando ainda preparávamos os pratos e acompanhamentos da noite. Um vinho da Bodega Chandon, fundada em 1959 em Mendoza, sendo a primeira filial da Moëte & Chandon  fora da França. O vinho leva o nome por situar-se exatamente na Latitute 33º, a qual une solo, clima e a água mais pura proveniente da Cordilheira dos Andes.

O Latitute 33º Malbec mostrou cor rubi com toques violácios, lágrimas finas, abundantes e lentas. Seu bouquet mostrou frutas vermelhas - morango e cereja - com um pouco de madeira. Em boca manteve o frutado do aroma, com taninos levemente adocicados, de pouco adistrigência, porém bem integrado a acidez e ao álcool, que em momento algum sobresaiu. Pela sua suavidade pode ser tranquilamente degustado sem acompanhamento, mas cairia bem com queijos duros e uma carne vermelha sem molho.

O Rótulo

Vinho: Latitude 33º
Tipo: Tinto
Castas: Malbec
Safra: 2010
País: Argentina
Região: Mendoza
Produtor: Bodega Chandon
Graduação: 14,0%
Onde comprar: RM Express
Preço médio: R$ 25,00
Temperatura de serviço: 16º

Atenção passageiros, desembarcaremos na Região de Cotes du Rhône em alguns minutos. Passamos ao segundo rótulo, um velho conhecido do blog e de safra já comentada aqui, o: Cotes du Rhône Abel Pinchard - Loron et Fill's (Beaujolais) 2010, um vinho sem grande complexidade, mas muito agradável e ótimo para ocasiões descontraídas e para o dia a dia. Harmonizamos com bruschettas de tomate.


Chegamos aos pratos principais da noite e dos vinhos para harmonização com cada um deles. Primeiro falemos do grupo que seguiu para o Chile e degustou o ícone da noite: o Assemblage Casillero del Diablo Reserva Privada Cabernet Sauvignon - Syrah 2008.

Escolhemos o pernil de cordeiro dessossado temperado com vinho, alecrim e ervas finas desidratadas para harmonizar com esse rótulo da Concha y Toro, a primeira garrafa a ser degustada dentre as quatro adquiras em Montivideo em Março de 2011.

A linha Casillero del Diablo é a mais conhecida da vinícola Concha y Toro e se tornou uma espécie de ícone de vinhos chilenos no mercado global, vendido em mais de 120 países. É também o vinho do Chile mais consumido no Brasil. A linha Reserva Privada é elaborada em anos que as safras são especias e a de 2005, por exemplo, teve estimativa de guarda de 10 anos.

O Casillero del Diablo Reserva Privada é um assemblage elaborado a partir de uvas selecionadas de vinhedos situados nas zonas de Pirque e Peumo.

A Mescla é composta principalmente pelo Cabernet Sauvignon proveniente de Pirque, lugar de origem do Casillero del Diablo, no Vale do Maipo e pelo Syrah que provém dos cerros de Peumo no Vale de Rapel.



Cada garrafa do Casillero del Diablo Reserva Privada permanece em barricas de carvalho francês durante 14 meses alcançando assim uma maior complexidade no vinho.

O vinho mostrou cor vermelho rubi profunda, intensa e brilhante, com uma maravilhosa chuva de lágrimas, finas, simétricas e rápidas. Aromas de frutas escuras como a framboesa e a ameixa e ainda de tostado e baunilha, provenientes dos meses de guarda em barricas. Em boca mostrou-se firme e bem estruturado, com taninos redondos, suaves e elegantes, e um bom equilíbrio entre a fruta, a madeira, a acidez e o álcool. Um vinho com mais uns anos de guarda... Ainda tenho três garrafas, só não sei se aguento esperar mais dois ou três anos para degustalas.

Ponto baixo do vinho: a rolha partiu-se em duas. Apesar de ser uma rolha diferenciada e padronizada a rolha mostrou-se pouco consistente e "fofa", algo que tenho percebido nos vinhos da Concha y Toro.

O Rótulo

Vinho: Casillero del Diablo Reserva Privada
Tipo: Tinto
Castas: Cabernet Sauvignon 65% e Syrah 35%
Safra: 2008
País: Chile
Região: Valle del Maipo
Produtor: Concha y Toro
Enólogo: Marcelo Papa
Graduação: 14,5%
Onde comprar: RM Express, Pescadeiro
Preço médio: R$ 80,00 (essa foi $ 18,5 em Montivideo)
Temperatura de serviço: 16º

Fernanda e Rejane, foram a Portugal. Elas degustaram o Vinho Verde D.O.C. Pingo Doce 2006, um rótulo presenteado ao Confrade Juberlan por uma amiga. Parte da garrafa pode ser vista na quarta imagem: de cima para baixo. Pesquisei bastante, mas não encontrei nada sobre o vinho.

Os rótulos não fornecem muitas informações, usual nos vinhos do velho mundo, que em sua maioria, pelo menos os degustados por mim, não mostram sequer as castas utilizadas.
O vinho é de uma safra relativamente antiga (2006) e possivelmente não mostrou as características que ele apresentaria se fosse degustado ainda jovem.

O Vinho Verde é único no mundo. Um vinho naturalmente leve e fresco, produzido na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, no noroeste de Portugal, uma região costeira geograficamente bem localizada para a produção de excelentes vinhos brancos. Berço da carismática casta Alvarinho e produtora de vinhos de lote únicos, a Região dos Vinhos Verdes festejou em 2008 o centenário da sua demarcação.

Com baixo teor alcoólico, e portanto menos calórico (as mulheres adoram... risos), o Vinho Verde é um vinho frutado, fácil de beber, ótimo como aperitivo ou em harmonização com refeições leves e equilibradas: saladas, peixes, mariscos, carnes brancas, tapas, sushi, sashimi e outros pratos internacionais.

O Vinho Verde D.O.C. Pingo Doce 2006 mostrou cor amarelo ouro, com tons queimados. De aroma adocicado e de damasco em conserva. Em boca mostrou-se doce, com sabor de damasco repetindo-se e média intensidade com leve acidez. Certamente não mostrou o que os vinhos verdes mostram muito claramente: o frescor. Foi harmonizado com Salmão temperado com azeite, alecrim e sal, acompanhado de berinjela.

O Rótulo

Vinho: Vinho Verde D.O.C. Pingo Doce
Tipo: Branco
Castas: Não informado no rótulo
Safra: 2006
País: Portugal
Região: Demarcada de Vinhos Verdes
Produtor: Não informado no Rótulo
Graduação: 10,5%
Onde comprar: ?
Preço médio: ?
Temperatura de serviço: 12º

Findos os rótulos das harmonizações: Casillero e Vinho Verde, embarcamos com destino ao Vale do São Francisco, Brasil e passamos a outro rótulo também já conhecido e comentado no Blog: o Paralelo 8. E por tratar-se também da mesma safra não voltarei a tecer comentários e notas sobre a degustação, quem quiser relembrar basta clicar no link com o nome do vinho.

Chegou a hora de voltar ao velho mundo, mas perdoem-me a franqueza e sinceridade, melhor teria se não tivéssemos ido. Degustamos o 6 rótulo da noite, o Italiano: Collezione Danti Primitivo Salento 2008, que curiosamente é de uma uva que há tempos venho querendo degustar: a Zinfandel.

Um vinho de cor rubi escura, quase negra, sem vivacidade e sem brilho, com lágrimas raras e lentas. No nariz apesar da fruta estar presente o que marcou foi o doce, talvez o côco e que não mudou muito com a evolução, o doce parece até ter ficado ainda mais intenso. Em boca os aromas adocicados foram tão acentuados que tornou a primeira impressão algo um tanto quanto desagradável e o que poderia amenizar parece não ter aparecido: o álcool.

O Rótulo
Vinho: Collezione Danti Primitivo Salento
Tipo: Tinto
Castas: Primitivo (Conhecida nos Estados Unidos como Zinfandel)
Safra: 2008
País: Itália
Região: ?
Produtor: Angelo Rocca & Figli SnC
Graduação: 13%
Onde comprar: ?
Preço médio: R$ 30,00
Temperatura de serviço: 17º

Hora de arrumar as malas, lavar as taças e voltar ao novo mundo para degustar o último rótulo da noite: o chileno Luis Felipe Edwards 2010.

O vinho mostrou cor rubi brilhante com tons violáceos, lágrimas finas e lentas. Seus aromas mostra um pouco de fruta, um monte de pimentão verde e leve toque de madeira. Em boca taninos rendondos e bem integrados a acidez e ao álcool, sem falar que o pimentão voltou e mostrou-se bem evidente. Quando comparado a outros Carmeneres achei que este apresentou muito o legume deixando seu sabor levemente desagradável. 

O Rótulo
Vinho: Luis Felipe Edwards
Tipo: Tinto
Castas: Carménère
Safra: 2010
País: Chile
Região: Valle Central
Produtor: Luis Felipe Edwards
Graduação: 13%
Onde comprar: RM Express
Preço médio: R$ 20,00
Temperatura de serviço: 17º

O ano finda, agradeço as novas amizades e aos agradáveis encontros para degustar vinhos e conversar. Momentos que tenho certeza que se repetirão. Obrigado aos anfitriões pela acolhida e pela amizade e aos demais pela companhia. Um ótimo 2012 para todos.


Tim Tim!

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