segunda-feira, 22 de julho de 2013

O Papa e o vinho feito de uvas americanas em Jundiaí

O papa Francisco tomará um vinho fabricado em Jundiaí (58 km a noroeste de São Paulo) durante o almoço e na missa que celebrará no Estado paulista, na quarta-feira (24).
 
O vinho foi indicação de padres paulistas, que o consomem durante as celebrações nas suas igrejas. Um grupo, que é cliente da adega, levou a bebida ao arcebispo Dom Raymundo Damasceno, presidente da CNBB (Comissão Nacional dos Bispos do Brasil) e articulador da visita do pontífice a São Paulo, que o aprovou.
 
O papa celebrará uma missa no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (180 km a nordeste da capital). Durante o almoço, será servido um vinho branco. Na missa, o escolhido foi um rosé.
 
Não é a primeira vez que a vinícola serve um pontífice. O papa emérito Bento 16 também tomou seu vinho quando esteve no país, em 2007.
 
A adega Maziero foi fundada há 70 anos pelos avós de Clemente Maziero, 48, que hoje administra o negócio ao lado do pai, Pedro Maziero, 72.
 
Na propriedade de 12 hectares da família são plantadas as uvas usadas na fabricação do vinho e ficam os tonéis onde a bebida é envelhecida. Também é lá que os clientes podem provar à vontade e comprar os vinhos de sua preferência.
 
A produção é pequena, apenas 60 mil litros por ano. A adega Maziero fornece vinho para cerca de 20 igrejas paulistas, que usam a bebida durante as missas. No ritual da religião católica, o vinho simboliza o sangue de Jesus Cristo.
 
"Em 2007, na vinda de Bento 16, uma comissão de bispos veio até aqui, provou e selecionou nosso produto. Neste ano, os padres que são nossos clientes levaram o vinho até Aparecida e ele foi selecionado novamente", declara Clemente. No último dia 9, membros da igreja foram à adega retirar 60 garrafas de vinho branco e rosé, para a visita do papa.
 
Bebida só é vendida na adega
 
O vinho do papa, como a bebida começou a ser chamada pelos clientes, não é encontrado em supermercados ou adegas, somente na vinícola onde é fabricado.
 
A adega produz vinho branco, da uva moscato; rosé, da uva niágara; e tinto, da uva bordô. Também há as opções de vinho tinto merlot e cabernet sauvignon, mas, nesse caso, as uvas são compradas de outros fornecedores.
 
"Depois de colhidas, as uvas ficam três dias em processo de fermentação natural, sem adição de leveduras artificiais. Ao final desse processo, vão para o barril, onde ficam de seis meses a dois anos envelhecendo."
 
As garrafas de 720 ml de qualquer tipo de vinho custam R$ 16, as de 375 ml custam R$ 9. Maziero afirma que o número de visitantes está aumentando com a curiosidade das pessoas a respeito do vinho do papa, mas ele diz que não consegue medir o impacto do sucesso.
 
A adega recebe de 300 a 400 visitantes por fim de semana e vende em torno de 40 mil garrafas por ano. Apesar do bom movimento, a adega não vai aumentar os preços das bebidas. O mais vendido, segundo o proprietário, é o vinho tinto bordô e, agora, o rosé, por causa do papa.
 
Vinho para missas segue padrão de qualidade diferente, segundo especialista
 
Mário Telles, presidente da ABS-SP (Associação Brasileira de Sommeliers – São Paulo), diz que o vinho usado nas missas da igreja católica deve ter todos os ingredientes provenientes da uva.
 
"É um vinho mais doce, específico para rituais. O foco não é a qualidade. A uva niágara não é vinífera, ou seja, especial para produção de vinhos", afirma.
 
"Não dá para comparar o vinho da missa com os grandes vinhos de sobremesa italianos, por exemplo. A qualidade das bebidas é diferente porque os objetivos são diferentes", declara.
 
Fonte: Uol Economia

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