segunda-feira, 27 de junho de 2016

Ex-vinícola de garrafão em S. Roque (SP) quer aumentar venda de vinho fino

A vinícola Góes, produtora de São Roque (SP), cidade conhecida pelo vinho simples e doce de garrafão, tenta há alguns anos mudar a imagem da região e produzir bebidas finas. A aposta é grande, e a empresa negocia exportação até para Portugal, tradicional produtor de vinho.
 
Há dois anos, a vinícola iniciou o processo de internacionalização. Hoje já vende para Reino Unido, Angola e China. Está em negociação, além de Portugal, para entrar também nos mercados de Japão e Canadá. Segundo a Góes, a exportação representa 3% do faturamento da empresa.

A Góes é conhecida por produzir vinhos de mesa, aqueles com sabor mais suave e doce, mas quer conquistar o mercado de vinhos finos, feitos com uvas selecionadas, e acabar com o conceito de que São Roque não produz vinhos de boa qualidade.
 
A primeira vinícola da família Góes foi a Vinho Palmares. Ela foi criada, em 1938, por Benedito de Góes, imigrante português, e começou a sua produção, totalmente artesanal, com 60 litros de vinho por ano. Somente em 1963, com a divisão dos negócios pelos irmãos Gumercindo e Roque, é que surgiu a Vinícola Góes. Gumercindo abriu a Góes e Roque continuou com a Palmares, aberta até hoje.
 
Atualmente, sob o comando de Claudio José Goes, 52, a quarta geração da família, a Góes produz 8 milhões de litros por ano. Desse total, 90% são de vinhos de mesa (mas não mais em garrafão) e 10% de vinhos finos. A empresa não revela faturamento nem lucro.
 
Segundo Fábio lenk, sócio da ABE (Associação Brasileira de Enologia), os vinhos de mesa são feitos, normalmente, com as uvas americanas Isabel e Bordô, e os finos, com uvas europeias como Cabernet e Merlot.
 
"As uvas americanas se adaptam facilmente com o nosso clima e solo, por isso são mais fáceis de serem cultivadas. Já as europeias, por estarem acostumadas com um clima mais seco e frio, exigem mais trabalho e tecnologia para o cultivo".
 
A produção da linha Góes Tempos, feita com uvas especiais, começou em 2009. Antes disso, a empresa fez uma parceria com a Casa Venturini, uma joint venture de Flores da Cunha (RS), em 1989, para iniciar uma fabricação conjunta de vinhos finos e ensaiar a sua entrada nesse mercado. As duas empresas continuam trabalhando juntas até hoje.
 
De acordo com Góes, atualmente a produção da linha de vinhos finos vem crescendo cerca de 12% ao ano, enquanto a de vinhos de mesa 5%. Góes diz que, no ano passado, durante a 22ª Avaliação Nacional dos Vinhos, evento que reúne enólogos e sommeliers, o vinho Cabernet Franc Tempos Philosophia, da sua linha de finos, foi eleito um dos mais representativos da safra de 2014. "Foi o primeiro reconhecimento de um vinho de São Paulo".
 
O vinho mais barato comercializado pela empresa é o Góes Original, que custa R$ 11,50, e o mais caro é o Philosophia, que sai por R$ 68.

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