quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Mesmo metabolizado, componente do vinho tinto continua eficaz contra o câncer

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Leicester, no Reino Unido, mostra que o resveratrol, uma substância química encontrada no vinho tinto, continua eficaz no combate ao câncer, mesmo após ser metabolizado no corpo e convertido em outros compostos.
 
Essa é uma descoberta importante, pois o resveratrol é metabolizado muito rapidamente e, com isso, acreditava-se que ele não seria capaz de ser utilizado em ensaios clínicos, pois as concentrações caiam drasticamente. Segundo o estudo publicado recentemente na revista Science Translational Medicine pelos cientistas do Departamento de Estudos sobre o Câncer e Medicina Molecular de Leicester, o resveratrol pode ainda ser levado às células depois de ter sido metabolizado em sulfatos de resveratrol. Enzimas celulares são, assim, capaz de dividir esses sulfatos em resveratrol mais uma vez, o que significa que os níveis de resveratrol nas células são maiores do que se pensava anteriormente. Os resultados parecem mostrar o resveratrol pode ser mais eficaz quando produzido dessa forma, porque as concentrações alcançadas são superiores.
 
As pesquisas da equipe do professor Karen Brown foram feitas em ratos, mas esse é o primeiro sinal claro que o resveratrol pode ser formado a partir de sulfato de resveratrol em animais, e os pesquisadores acreditam que isso pode ajudar a mostrar como o resveratrol é capaz de ter efeitos benéficos em animais.
 
O estudo também mostrou que o resveratrol gerado a partir de sulfato de resveratrol é capaz de retardar o crescimento de células cancerígenas, fazendo com que elas passem a digerir os seus próprios componentes internos, impedindo-as de se dividir. "Há fortes evidências, criadas a partir de modelos de laboratório, de que o resveratrol pode trazer uma série benefícios – como de proteger contra uma enormidade de cânceres e doenças do coração. Há muitos anos sabe-se que o resveratrol é rapidamente convertido em sulfato e metabolitos glucoronidos em humanos e animais, ou seja, as concentrações plasmáticas de resveratrol rapidamente tornam-se muito baixas após a administração.
 
Sempre foi difícil entender como o resveratrol é capaz de ter atividade em modelos animais quando as concentrações presentes são tão baixas, e isso fez com que algumas pessoas se tornassem céticas sobre se ele pode ter algum efeito em seres humanos”, comentou Brown.
 
“Há tempos, os pesquisadores levantaram a hipótese de que o resveratrol pode ser regenerado a partir de seus principais metabolitos em animais, mas isso nunca foi provado. O nosso estudo foi o primeiro a mostrar que o resveratrol pode ser regenerado a partir de metabolitos de sulfato em células e que este resveratrol, em seguida, pode ter uma atividade biológica que pode ser útil para grande variedade de doenças. O mais importante, fizemos todo o nosso trabalho com concentrações clinicamente alcançáveis e, por isso, estamos esperançosos de que nossos resultados se reproduzem em seres humanos”, atesta.

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