segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Gosta de vinho e está acima do peso? Parece que essa é a equação perfeita

De acordo com um estudo de coautoria de um pesquisador da Universidade de Oregon (OSU), nos Estados Unidos, beber suco de uva vermelha ou vinho – com moderação – poderia melhorar a saúde de pessoas com excesso de peso, ajudando-as a queimar gordura com mais eficiência.
 
 
 Os resultados sugerem que o consumo de uvas de cor escura, seja comendo-as ou bebendo vinho ou suco, pode ajudar as pessoas a gerenciar melhor a obesidade e distúrbios metabólicos relacionados, tais como esteatose hepática, popularmente conhecida como doença do fígado gorduroso, na qual grandes quantidades de triglicerídeos se acumulam no órgão.
 
Neil Shay, bioquímico e biólogo molecular na Faculdade de Ciências Agrárias da OSU, fez parte de uma equipe de estudo que expôs células do fígado e de gordura humanas cultivadas em laboratório a extratos de quatro produtos químicos naturais encontrados nas uvas Muscadine, uma variedade vermelho-escura nativa do sudeste dos Estados Unidos.
 
Uma das substâncias, o ácido elágico, mostrou-se particularmente potente. Ela abrandou drasticamente o crescimento de células de gordura existentes e a formação de novas, e impulsionou o metabolismo de ácidos graxos em células do fígado.
 
Estes produtos químicos de plantas não são um milagre da perda de peso, adverte Shay. “Nós não descobrimos, e não esperávamos descobrir, que estes compostos melhorariam o peso corporal”, garante o pesquisador, destacando que o processo não é eficiente para o emagrecimento sozinho. Mas, aumentar a queima de gordura, especialmente no fígado, pode melhorar sua função em indivíduos com excesso de peso.
 
“Se pudéssemos desenvolver uma estratégia de dieta para reduzir o acúmulo nocivo de gordura no fígado, utilizando alimentos comuns como uvas, seria uma boa notícia”, complementa o cientista.
 
O estudo, realizado por ele em parceria com a Universidade da Flórida e a Universidade de Nebraska, complementa o trabalho com camundongos que desenvolve em seu laboratório na OSU. Em um ensaio de 2013, ele e seus alunos de pós-graduação complementaram a dietas de ratos com sobrepeso com extratos de uvas Pinot Noir colhidas de vinhas da região de Corvallis, também no estado do Oregon.
 
Vinho tinto ajuda a emagrecer?
 
Alguns dos animais foram alimentados com uma dieta normal de “ração de rato”, como Shay chama, contendo 10% de gordura. O resto foi alimentado com uma dieta de 60% de gordura – o tipo de alimentação pouco saudável que faria com que humanos ganhassem peso. “Nossos camundongos gostaram da dieta rica em gordura e comeram demais”, conta. “Então, eles são um bom modelo de pessoa sedentária que come muitos lanches e não faz exercício físico suficiente”.
 
Os extratos de uva, reduzidos às necessidades nutricionais de um rato, eram o equivalente a cerca um copo e meio de uvas por dia para uma pessoa. “As porções são razoáveis, o que faz com que nossos resultados sejam mais aplicáveis à dieta humana”.
 
Durante 10 semanas, os ratos alimentados com altos níveis de gordura desenvolveram fígado gorduroso e sintomas diabéticos – as mesmas consequências metabólicas que vemos em muitas pessoas sedentárias ou com excesso de peso.
 
Contudo, os ratos gordinhos que receberam os extratos de uva acumularam menos gordura no fígado e tinham níveis mais baixos de açúcar no sangue do que aqueles que consumiram apenas a dieta rica em gordura. Também o ácido elágico provou ser potente neste experimento, reduzindo o açúcar no sangue dos ratos alimentados com altos níveis de gordura a níveis próximos aos daqueles alimentados normalmente.
 
Quando Shay e seus colaboradores analisaram os tecidos das cobaias que comeram os suplementos, observaram níveis elevados de atividade de PPAR-alfa e PPAR-gama, duas proteínas que funcionam no interior das células para metabolizar a gordura e o açúcar. A hipótese da equipe é de que o ácido elágico e outros produtos químicos se ligam aos receptores nucleares de hormônios das PPAR-alfa e PPAR-gama, fazendo com que ativem os genes que desencadeiam o metabolismo da gordura e glicose. Medicamentos comumente prescritos para redução de açúcar no sangue e triglicerídeos agem desta forma.
 
O objetivo de seu trabalho, acrescentou o bioquímico, não é substituir os medicamentos necessários, mas orientar as pessoas na escolha de alimentos comuns, amplamente disponíveis, que têm determinados benefícios à saúde, incluindo impulsionar a função metabólica. “Estamos tentando validar as contribuições específicas de certos alimentos nos benefícios à saúde”, explica. “Se você está fazendo supermercado e se sabe que um certo tipo de fruta é bom para uma condição de saúde que você tem, você não iria querer comprar essa fruta?”, exemplifica.

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