quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Em busca da rolha perfeita

 
Líder de mercado na distribuição e fabrico de rolhas naturais, produzidas com cortiça portuguesa, este é um negócio em expansão. Segundo a responsável, procuram agora “alargar o leque para as rolhas técnicas”. Para lá dos vinhos, a empresa também apresenta soluções para bebidas espirituosas e outros mercados de nicho, como o gin ou o vinho do Porto.
 
Para Isabel Allegro, esta é uma consequência natural da evolução do negócio. “Quisemos rentabilizar alguns dos subprodutos da matéria-prima. No fabrico das rolhas de cortiça havia sempre uma parte que não era aproveitada. Assim, garantimos uma rolha técnica funcional, indicada para outros produtos no mercado, mas com maior aproveitamento dos recursos”, explica.
 
Portugal – EUA – Mundo
 
Tudo começou nos EUA, em 1981, quando Jochen Michalski fundou a Cork Supply. Depois de ter trabalhado na indústria corticeira portuguesa, regressou ao outro lado do Atlântico com uma nova ideia de negócio: fornecer rolhas de cortiça aos melhores produtores de vinho do mundo.
 
Naquela época, esse era um mercado relativamente novo e o empresário achou que podia fazer a diferença. A matéria-prima vinha de Portugal, os acabamentos eram feitos nos EUA. O produto diferenciado, com forte atenção ao detalhe e um atendimento ao cliente cuidado, captaram a atenção dos produtores.
 
Austrália, África do Sul, Europa e América do Norte tornaram-se mercados importantes onde têm hoje representações. Mas Portugal continua a ser um epicentro no presente e futuro da empresa.
 
24 anos depois do primeiro laboratório
 
1 de abril de 1992. Foi neste dia, há quase 24 anos, que foi inaugurado o laboratório da Cork Supply em Portugal. O objetivo era simples: desenvolver novas técnicas de trabalhar a cortiça, para garantir a funcionalidade das rolhas. A primeira pessoa a trabalhar neste projeto foi Isabel Allegro.
 
“Fazemos o controlo de qualidade das rolhas e posso dizer que todos os dias são diferentes. Há poucas empresas no setor e nós apostamos muito em I&D (investigação e desenvolvimento). Desde esse tempo que vamos fazendo melhor, aplicando o que vamos experimentando em laboratório”, explica a atual diretora executiva da filial portuguesa.
 
Pouco tempo depois, em 1995, foi a vez de trazer também o fabrico de rolhas para Portugal. A maior proximidade com a matéria-prima e os projetos de investigação em curso justificaram a aposta. Nesse ano foi fundada a Cork Supply Portugal.
 
Vinte anos depois, o trabalho continua. “O grupo tem cerca de 400 colaboradores e a tendência é para aumentar. Em Portugal, trabalham metade dessas pessoas e este ano vamos contratar mais 40 técnicos”, avança Isabel.
 
Até ao final do ano, em São João de Ver (Santa Maria da Feira), vai funcionar uma nova fábrica direcionada para as rolhas de champanhe. Neste momento, já há três unidades fabris da empresa só em Portugal.
 
Segundo Isabel Allegro, este investimento está alinhado com as perspetivas de crescimento do negócio. “Já detemos 30% do mercado nos EUA e queremos crescer em Portugal. Além disso, a qualidade dos vinhos chineses está a subir muito depressa. Há um mercado de 600 milhões de garrafas e só poderá crescer”, explica a responsável.
 
Sustentabilidade e o futuro da floresta nacional
 
“Eu costumo dizer que a indústria corticeira é um bicho que, quando entra, já não sai de nós”. Para a diretora executiva, o trabalho continua tão motivante como no primeiro dia e destaca o papel da empresa na sustentabilidade do setor.
 
Os tempos da cortiça não podem ser acelerados e só trabalhando com os produtores é que podem garantir matéria-prima de qualidade. “Ajudamos os produtores e temos a sua confiança. Além disso, trabalhamos com engenheiros florestais que adoram tudo o que é floresta, que falam de árvores com paixão e fazem o melhor para as proteger”, refere Isabel Allegro.
 
Por outro lado, descreve esta relação próxima com os produtores como “importantíssima”. Segundo a responsável, “o sucesso do negócio está ligado ao valor atribuído à cortiça. Se o negócio das rolhas naturais deixar de existir, quem paga o produto-rei?”
 
Fonte: Observador
 

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