Vejam a foto acima, reparem nesta última rolha, a quinta da esquerda pra direita. É... Ela realmente destôa das outras não é mesmo? No visual ela é maior e mais larga, no tato é muito mais consistente. Foi retirada da garrafa de um Caymus 2008, um cabernet sauvignon californiano do Vale do Napa. Não resta a menor dúvida que o vinho é excelente, de nariz e de boca, caro, imponente e que tem seu valor. Contudo, será que precisa mesmo da rolha com esse tamanho?
Será que isso não encarece mais o produto? Sobre o ponto de vista do crescimento sustentável, será que é ecologicamente correto? Vejamos a seguir de onde são extraidas, como são produzidas, quais os tipos de rolha, a partir daí tirem suas conclusões.
A rolha é um objeto de cortiça compressivo e elástico,de origem vegetal obtido da casca do sobreiro. O sobreiro cujo o nome científico é Quercus suber é uma árvore encontrada principalmente nos seguintes paises: Portugal, Argélia,Espanha,Marrocos,França, Tunísia e Itália. Dos 22 bilhões de rolhas produzidas por ano no mercado mudial, 80% é porduzido em Portugal. Ao longo dos anos a rolha de cortiça tem se tornado um oligopólio natural.
Ainda é impossível desvincular a imagem de um bom vinho, de uma bela garrafa e uma boa rolha. Porquê? Pode ser pela tradição e pelo fascínio que esse tipo de produto exerce sobre o consumidor. Quantas vezes servimos um vinho para um leigo e nos deparamos com o seguinte cometário. "Esse vinho é muito bom ! Olha só o pêso dessa garrafa !" Pois é existe um certo misticismo com esses detalhes. Como se garrafa pesada fosse sinal de vinho bom.
Sobre a rolha posso dizer, é um componente que revolucionou a indústria do vinho. Material excelente para a vedação das garrafas por ser impermeável, elástica, resistente e durável.
Antes da descoberta da rolha, valia tudo para conservar o vinho, até mesmo o uso de azeite ou óleo vegetal, que não sendo missíveis com o vinho ( menor densidade) formava uma camada na superfície isolando-o do meio exterior.
O sobreiro como é chamado o Quercus suber é uma árvore que vive 150 anos e tem sua primeira extração de rolhas aos 20 anos. Suas extrações seguintes são a cada 10 anos. A cortiça mais adequada só é conseguida na terceira extração. Um sobreiro permite ao longo de sua existência 12 a15 extrações produtivas. O fato também da árvore só ser encontrada em pouquíssimos países, torna a cortiça um material caro. Não é por acaso que as rolhas dos vinhos inferiores são muito curtas e feitas de aglomerado de raspas ou só de pó de cortiça.
Uma rolha decente (comprida e de boa cortiça) é fundamental na conservação de um bom vinho, porém, isso não depente só da rolha, a garrafa tem que ficar numa posição que o líquido mantenha contato com a rolha pois, molhada a cortiça se expandirá e vedará completamente a garrafa. Uma rolha defeituosa pode apresentar vazamentos e permitir a entrada de oxigênio na garrafga, fato extremamente nocivo ao vinho.
Quando contaminada por fungos transmite ao vinho cheiro e gosto desageadáveis com características de mofo ou papelão molhado. O vinho com cheiro de mofo é chamado de "bouchonée"( do Francês; buchon = rolha). Por isso longe de ser pedantismo, examinar a rolha e cheira-la quando uma garrafa é desarrolhada à mesa.
A rolha de cortiça é companheira do vinho desde o século XVI. Atualmente existe uma grande discursão em torno do preço das rolhas e da contaminação a qual elas estão sujeitas. A contaminação pode ocorrer no sobreiro e nas reações com produtos químicos (fenois). Visto esses problemas passou-se a questionar o uso da rolha de cortiça e iniciaram-se pesquisas para encontrar um subistituto sintético à altura.
A guerra das rolhas de cortiça versus rolhas sintéticas está acirrada, os americanos,autralianos e inglêses acham que o vinho é como qualquer outro produto alimentício, e portanto a contaminação é imperdoável. Isso vai de encontro ao fato de que 10% dos vinhos fabricados são bouchonné. Os pró-cortiça apontam as impurezas das sintéticas e afirmam que o não uso da cortiça acarretaria sérios danos econômicos aos países produtores e levaria extinção das florestas de sobreiro e destruição do habitat natural de inúmeras espécies de pássaros raros.
Outro tipo de vedação de garrafas é a que utiliza tampa de rosca a "screw cap"(usadas também em garrafas de Uísque), esta vem se tornando popular, principalmente nos Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália e Inglaterra.
Existe uma campanha agressiva feita pelos pró-sintética e pró-rosca, a ponto de ocorrer em Nova York no ano de 2002, um jantar funeral da rolha de cortiça. Todos foram ao evento trajando luto e o fato que chamou atenção foi o pronunciamento da fomosa Master of Wine, Jancis Robinson que proferiu palavras de despedida à rolha tradicional.
Em 2003, outro expoente da enologia mundial Hugh Johnson escreveu em seu "Pocket Wine Guide 2003", que 5 a 10% das garrafas de vinho são contaminadas pelo tricloroanisol (TCA), que rolha de cortiça é importante no envelhecimento lento do vinho, mas os vinhos do dia a dia, de caráter fresco e frutado, devem ter tampa de rosca.
Em seu livro "O vinho no Gerúndio" o mestre Júlio Anselmo de Souza Neto afirma que: "Penso que uma garrafa de vinho com rolha sintética ou tampa de rosca é como uma mulher elegantemente vestida, mas calçando sandálias havainas".
Olhem novamente a foto, a terceira rolha da esquerda pra direita é de um Don Melchor 2005, um dos ícones da America do Sul. Um vinho tão bom ou melhor que o nosso Caymus 2005. Observem o tamanho da rolha do Don Melchor, ela não tem nada de paranormal. Já a segunda rolha da esquerda pra direita pertence a um super toscano Biondi Santi, o emblemático Sassoalloro 2005, também nada de paranormal. Duas rolhas extremamente simples utilizadas na vedação de dois grandes vinhos. Agora pensem, analisem e tirem suas conclusões.
Fontes:
01. Manual Didático do Vinho ( Daniel Pinto)
02. O Vinho no Gerúndio ( Júlio Anselmo de Souza Neto)
03. The Oxford Companion to Wine ( Jancis Robinson)
04. Larousse do Vinho
Texto e imagem extraidos do Blog Goles e Dicas! Aos amantes do vinho recomendo o Blog!
Cara, o visual ficou legal! Deu até vontade de saborear um vinho... mas estou adoentado pra caramba e vinho agora acho que não seria legal. Mas... mesmo assim vou tomar uma taça de Vinho do Porto que comprei na RM.
ResponderExcluirAbraços
Obrigado! Imagine a minha vontade então, que se agravou depois de ganhei a adega de Fernanda...
ResponderExcluirAbraços.
Massa Ewertom!
ResponderExcluirValeu pela visita Rita!
ResponderExcluirquando uma rolha despedaça ou fica ruim de sair significa que o vinho ou a própria rolha está com fungo????
ResponderExcluirNão necessariamente minha Linda.
ResponderExcluirA rolha pode quebrar durante a abertura de um vinho devido a sua má qualidade, problemas com o saca-rolha (má qualidade do mesmo) ou inesperiência da pessoa que está fazendo isto.
Porém, existem inúmeros problemas que podem estragar o vinho.
Para saber se o vinho está em boas condições o primeiro passo é cheirar a rolha após abrir uma garrafa de vinho. A rolha deve apresentar cheiro intenso de vinho, dando indicação de que foi armazenada de forma correta, ou seja, deitada. O cheiro intenso de vinho também nos conduz à suposição de que ela cumpriu seu papel no trabalho de vedação.
O mal cheiro na rolha indica que o vinho está estragado, e, a causa disto pode estar em que a rolha permitiu a entrada de ar ou que ela foi infectada por fungos.
Abaixo problemas que podem acontecer com os vinhos.
Oxidado - Diz-se que um vinho está oxidado quando, por ter estado demasiado tempo em contacto com o ar, alterou o seu sabor e perdeu a sua frescura. É um vinho passado, com sabor amargo.
Rolha (TCA) - O TCA (2,4,6 Trichloroanisol) resulta da actividade de microorganismos, nomeadamente fungos, na presença de compostos organoclorados. Existe risco de ocorrência de TCA sempre que estão presentes fenóis, cloro e fungos, causando assim um desvio organoléptico no vinho (o vinho fica com um aroma e sabor a bolor ou mofo). As rolhas sintéticas impedem a proliferação de fungos, porém não retém as propriedades do vinho por longos períodos.
Sulfídrico - O enxofre combinado com hidrogênio produz um aroma que lembra ovos estragados ou borracha queimada. Algum arejamento pode ajudar a removê-lo.
Suor de Cavalo - Aroma existente sobretudo em vinhos velhos, que alguns apreciam mas muitos odeiam, provocado pela molécula 4-etil fenol (sintetizada pela levedura Brettanomyces Dekkera) que revela falta de higiene na adega, incluindo barricas.
Ácido Acético - Dá aos vinhos um cheiro azedo, semelhante ao vinagre, e um sabor agressivo. É provocado por uma bactéria denominada acetobacter.
Dióxido de enxofre (sulfuroso) - Protege o vinho do oxigénio mas, quando a sua presença é demasiada, cheira a fósforo apagado e confere aos vinhos um sabor agressivo.
Espuma - A presença de espuma nas paredes do copo é sinal de fermentação do vinho, depois de ter sido engarrafado. Também pode ser devido à introdução de gás inerte no processo de engarrafamento.